Manaus em chamas

Candidato a prefeito acusa Egberto de reprisar caso Lurian

Autor

19 de outubro de 2004, 23h23

Depois de ejetar da presidência do Tribunal de Justiça de Pernambuco o desembargador Etério Ramos Galvão, acusando-o de forçá-la a um aborto, a médica Maria Soraia Elias Pereira está no estado do Amazonas, apontando suas armas contra o candidato a prefeito de Manaus, Serafim Corrêa (PSB). Ela também o acusa de ser pai de um filho seu.

A acusação foi feita nesta terça-feira (19/10) a doze dias do turno decisivo das eleições municipais. Serafim concorre contra Amazonino Mendes (PFL) e, segundo a pesquisa local, está com 42% das preferências eleitorais contra 51% de Amazonino.

O caso amazonense é cheio de coincidências e reincidências. Uma delas é o fato de o marqueteiro de Amazonino, ser Egberto Batista, que entrou para a história política recente ao trazer à tona o caso Lurian, nas eleições de 1989. Responsável pela campanha de Fernando Collor de Mello à Presidência, ele levou Miriam Cordeiro, um antigo caso de Lula, à televisão para anunciar que o candidato petista era pai de sua filha. E mais: que Lula tentara convencê-la a abortar, contra a sua vontade. Na época, constatou-se que Miriam Cordeiro fora paga para fazer a acusação às vésperas das eleições, em rede nacional.

Procurado pela revista Consultor Jurídico, Egberto Baptista negou ter participação na acusação pública feita agora por Maria Soraia. “Quero deixar bem claro que não tenho qualquer envolvimento nessa pendenga entre os dois políticos [Serafim e o vereador Sabino Castelo Branco (PP), que levou o caso à Câmara manauara] e, por conseqüência, processarei civil e criminalmente qualquer pessoa que envolver meu nome nesse episódio em que os protagonistas – Sabino e Serafim – têm total liberdade para se expressar e são responsáveis pelo que fizeram, fazem e dizem”.

Sabino foi quem acompanhou Maria Soraia à Câmara nesta terça. Em Manaus, ele se consolidou como um dos maiores adversários políticos de Serafim. Desde o começo da campanha para o segundo turno, a Justiça Eleitoral já concedeu três direitos de resposta ao candidato do PSB no programa que Sabino mantém na TV Rio Negro, afiliada da TV Bandeirantes na capital.

Amazonino Mendes, em entrevista, disse que estava dando satisfações do caso apenas porque ele e a mulher, Tarcila, foram citados nominalmente por Serafim, envolvendo-os no caso. Afirmou, ainda, que não tem nada a ver com a história, e que o assunto era entre o candidato do (PSB) e o vereador.

Mesmo assim, o candidato do PSB disse tudo não passa de “uma armação política montada por Egberto Baptista para me desestabilizar”. Segundo Serafim Corrêa, a médica vem ameaçando ele e a família dele há um ano e meio e “não existe filho nenhum. Ela é uma maluca, psicopata”. Ele afirma, também, ter acionado Maria Soraia judicialmente e que os dois firmaram um acordo. “Ela parava de me perseguir e eu parava o processo contra ela”.

O fato é que, até agora, a médica não apresentou nenhuma prova ou documento da existência da criança e alega que o filho está em Recife, para que sua integridade seja resguardada. A desconfiança sobre a veracidade da acusação também recai sobre o fato de ela só agora, seis meses depois do nascimento da criança, ter resolvido trazer a história a público.

De acordo com a advogada Mayza Antony, Maria Soraia entrará nesta quarta-feira (20/10) com um processo de reconhecimento de paternidade. A demora para anunciar a existência da criança se explica, segundo a advogada, porque Maria Soraia não pretendia obter o reconhecimento da paternidade. “Ela só procurou o vereador Sabino porque estava sendo ameaçada de morte pelos seguranças, pelo motorista e pelo próprio Serafim”. Procurada pela Consultor Jurídico, Maria Soraia não quis comentar o assunto.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!