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Parlamentares do PT não concordam em fechar questão sobre mínimo

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28 de maio de 2004, 10h40

PIB

O PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre deste ano cresceu 1,6% em relação ao último trimestre do ano passado e 2,7% na comparação com o do primeiro trimestre de 2003 puxado, basicamente, por exportações, que aumentaram 5,6%.

Bom ou ruim?

O resultado global ficou acima do que esperavam analistas, mas sinaliza dificuldades para que o país cresça neste ano os 3,5% alardeados pelo governo. Especialistas calculam que a economia, para fechar o ano nesse patamar de expansão, teria de crescer ao menos 3,8% em cada um dos próximos três trimestres, o que parece remoto diante da turbulência externa e da decisão do Banco Central de interromper a trajetória de queda da taxa de juros.

Sem mercado interno…

Há outros constrangimentos para a expansão do PIB: o mercado interno, mostram os números do IBGE, segue sem sinais de reação. O consumo das famílias, de janeiro a março, cresceu só 0,3% em relação ao último trimestre do ano passado. O investimento, 2,3%.

Locomotiva verde

A agropecuária se manteve como carro-chefe da economia, com expansão de 3,3%. A indústria cresceu 1,7%, e o setor de serviços, só 0,4%.

Outra base

Nas comparações entre o primeiro trimestre deste ano e o mesmo período do ano passado, os dados parecem melhores, mas se sustentam por conta de uma base muito fraca. O crescimento de 2,7% decorreu da expansão de 6,4% da agropecuária, de 2,9% da indústria e de 1,2% dos serviços. O investimento aumentou 2,2%. Já o consumo das famílias teve incremento de apenas 1,2%.

Pelo menos…

O gerente da pesquisa do PIB, Roberto Olinto, não quis prever nada sobre o desempenho da economia no ano. Ressaltou que o consumo das famílias e o investimento, ao menos, apresentaram resultados positivos. Além disso, lembrou que a pesquisa registra crescimento do país há três trimestres consecutivos.

Comemoração

O governo Lula comemorou o resultado do PIB. Em Xangai, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou que este é o primeiro ano de uma nova etapa de crescimento. “O mais importante não é (…) se vai crescer 3,5 ou 4%. É o que fazemos para garantir que no próximo ano e nos próximos anos poderemos continuar a crescer com taxas cada vez maiores”, afirmou.

Inflação e juros

O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), teve alta de 1,31% em maio, taxa superior à registrada em abril, que havia sido de 1,21%. O resultado é o mais alto desde março do ano passado. PIB em crescimento mais inflação em alta devem deixar o Banco Central em situação bastante confortável para manter a taxa de juros em 16% ao ano… Sendo assim, o Brasil vai crescer quanto mesmo?

Rebeldes

Um grupo de 21 deputados e uma senadora do PT não concorda em fechar questão a favor da proposta do governo que fixou o salário mínimo em R$ 260. Depois de uma reunião com o presidente do partido, José Genoino, o grupo divulgou um documento intitulado “Por uma Recuperação Significativa do Salário Mínimo”. A esquerda exige uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do assunto, e alguns parlamentares ameaçam votar contra a medida provisória.

Assim falou… José Carlos Aleluia

“Uma boa receita de política é ficar com um olho no rei e outro na rua. É evidente que a base do governo está olhando mais o rei.”

Do líder do PFL na Câmara, sobre o apoio da base aliada do governo Lula ao salário mínimo de R$ 260. O PFL propõe R$ 275.

Tabuleiro Eleitoral

PMDB, PSB e PDT articulam uma frente para disputar a Prefeitura de São Paulo em outubro. Os pré-candidatos Michel Temer (PMDB), Luiza Erundina (PSB) e Paulo Pereira da Silva (PDT) prometem se unir antes mesmo de definir quem encabeça a chapa — o mais provável é que Luiz Erundina seja escolhida.

O PT sentiu o golpe. O presidente do partido, José Genoino, disse que a participação do PMDB na frente é incoerente e que, nesse caso, o partido deveria deixar a base aliada do governo federal, uma vez que essas três legendas, indiretamente, estariam se unindo numa tentativa de combater as candidaturas de Marta Suplicy (PT) e de José Serra (PSDB). Serra, na verdade, tem mais razões para se preocupar. A frente, em princípio, dividiria os votos contra a prefeita Marta, e não a favor.

*A coluna é produzida pelo site Primeira Leitura – www.primeiraleitura.com.br

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