Tudo pela fama

Xico Sá revela em livro os estelionatos da fama

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23 de maio de 2004, 15h34

O jornalista Xico Sá, um dos mais experientes repórteres do país, tomou como alvo a indústria que constrói as celebridades no Brasil para fazer o seu novo livro, a “Divina Comédia da Fama” (editora Objetiva), que reúne investigação e crônica de costumes sobre a nova droga dos tempos modernos, como ele classifica a obsessão em tornar-se famoso a qualquer custo.

O livro, que será lançado nesta segunda-feira (24/5), em São Paulo, revela o purgatório, o paraíso e o inferno de quem se mete a virar celebridade no Brasil. “O foco é o chamado meio artístico, mas o que falo sobre a vontade de aparecer a qualquer custo, sem que possua um trabalho, uma obra, também enquadra o meio jurídico, cada vez mais cheio de advogados e ministros célebres”, diz o autor.

Para fazer a “Divina Comédia da Fama”, Sá freqüentou, na surdina, os grandes eventos artísticos, festas no circuito de famosos do Rio e São Paulo, e teve como fontes grandes colunistas como Joyce Pascowitch (revistas Época e Quem), Mônica Bergamo (Folha de S. Paulo) e Danuza Leão, que além de ter passado pelo colunismo social, foi modelo de sucesso no Brasil e no exterior.

O livro mostra ainda como as autoridades da Receita Federal são grandes leitores de revistas de celebridades como “Caras”, uma maneira de flagrar patrimônios incompatíveis com os ganhos dos chiques e famosos, uma vez que eles exibem suas casas, incluindo aí seus quadros de pintores caríssimos, nas páginas.

Uma das histórias mais impressionantes do livro é a de Julião Rocha, que está no capítulo “15 minutos de estelionato”. Fazendo-se passar por um filho do dono da empresa Gol Linhas Aéreas, ele viveu dias de celebridade no Recifolia, o carnaval fora de época do Recife, em 2002. Passeou de helicóptero sobre as praias de Pernambuco com modelos famosas, se enturmou com a Feiticeira (Joana Prado) e bateu papos “milionários” com os empresários e playboys João Paulo Diniz e Álvaro Garneiro.

Além de curtir os camarotes da fama, Rocha ainda aplicou golpes, com cheques sem fundo, no valor de R$ 100 mil. Descoberto, foi preso naquele mesmo ano no Rio, e até o fechamento da apuração do livro, no ano passado, estava no presídio de Bangu 1. “Ele se diz um dos responsáveis pela união entre PCC e Comando Vermelho, mas os presos negam, dizem que é picaretagem também”, conta Xico Sá. “O rapaz não tem limites”.

Serviço:

“Divina Comédia da Fama” (editora Objetiva)

Páginas: 240

Preço: R$ 30

Local: restaurante Spot, alameda Ministro Rocha Azevedo, 72, Cerqueira Cesar, São Paulo -SP

Segunda-feira, dia 24 de maio

Hora: a partir das 20h

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