Passando a limpo

Lula afirma que não é alcoólatra em entrevista para a IstoÉ

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14 de maio de 2004, 20h47

Em entrevista ao diretor de redação da revista IstoÉ, Helio Campos Mello, na última quinta-feira (13/5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicou porque tomou a iniciativa de banir o jornalista americano do Brasil. Ele disse que não é alcoólatra. A revista IstoÉ chega às bancas neste final de semana.

O presidente afirmou que não expulsou o correspondente do The New York Times do país. Segundo Lula, ele apenas não teve seu visto de permanência prorrogado. Nesta sexta-feira (14/5), o governo voltou atrás depois que o jornalista disse que não teve intenção de ofendê-lo e pediu reconsideração do ato do Ministério da Justiça.

O presidente acusou Rother de atacar a instituição Presidência da República e não o cidadão Lula. De acordo com o presidente, a reportagem o deixou com fama mundial de bêbado. “Esse cidadão nunca esteve comigo, nunca viu o meu cotidiano. Não poderia passar para fora que o Brasil é governado por um alcoólatra… Quando eu chegar na África do Sul, em Angola, quando eu for falar com o xeque da Arábia Saudita, ele vai dizer: ‘Pô, será que esse cara está bêbado? Ele é um alcoólatra'”, disse.

Lula afirmou que não tomou nenhuma atitude precipitada. “Fiquei sabendo da matéria no sábado. Li, reli, reli mais uma vez e fiquei tentando saber o fundamento. Por que um cidadão faria uma matéria daquela? Ele poderia dizer que o governo é incompetente, que o governo não está conseguindo fazer nada. Poderia dizer que eu bebo. Que gosto de tomar uísque, de tomar uma cerveja, de fumar um charuto. É a pura verdade. Esse cidadão nunca esteve comigo, nunca viu o meu cotidiano.” Ele disse que tomou a atitude com a “maior consciência”.

Leia trecho da entrevista:

ISTOÉ – Então onde é que pegou?

Lula – Primeiro, eu não sou o Lula, sou o presidente da República. Que é uma instituição. Segundo, esse cidadão nunca esteve comigo, nunca viu o meu cotidiano. Não poderia passar para fora que o Brasil é governado por um alcoólatra. Eu duvido que qualquer companheiro tenha me visto bêbado alguma vez. Faço este desafio para a imprensa nacional. Ele poderia ter dito tudo o que quisesse: o presidente Lula vai nos coquetéis e bebe, vai nos almoços e toma um uísque. Poderia até me acompanhar marcando a quantidade que eu tomo. Tomou dois, tomou um, tomou um copo de vinho. Poderia até fazer um cálculo para o IBGE.

Mas não. Baseado em notícias de um tal de Mainardi, que eu não sei aonde fica, baseado numa figura como o Cláudio Humberto e baseado no Brizola – que deve ter muita experiência de alcoolismo mesmo –, ele afirma que o Brasil corre risco porque o presidente Lula é um bêbado e o povo está preocupado com isso. Esse é o problema. Nenhum político neste país já bebeu com o povo como eu bebi. E você lembra. Eu tomava meu aperitivo, e às vezes era na porta de fábrica. Nunca escondi de ninguém, nunca fingi, nunca impedi que tirassem uma fotografia minha.

Agora, veja a situação. Quando eu chegar na África do Sul, em Angola, quando eu for falar com o sheik da Arábia Saudita, ele vai dizer: “Pô, será que esse cara está bêbado? Ele é um alcoólatra.” Fiquei indefeso. O Brasil não é governado por um alcoólatra. Qual era o único instrumento que eu tinha? Bom, esse cidadão não tem direito de estar aqui, é uma concessão do Estado brasileiro permitir que ele fique aqui. Essa pessoa é uma persona non grata no Brasil. Está vencendo o contrato dele e não vamos renovar. O NYT que mande outro para cá. Fiz isto com a maior consciência, sabendo, inclusive, dos antecedentes deste cara.

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