Liderança infeliz

Brasil é o terceiro país no ranking do trabalho doméstico infantil

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11 de junho de 2004, 12h15

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou, em Genebra, estudo que mostra que o Brasil é o terceiro país com mais trabalhadores domésticos infantis no mundo: 560 mil crianças. Segundo a pesquisa, o país está atrás somente da África do Sul, com dois milhões de crianças nesta condição, e da Indonésia, com 700 mil.

Atrás do Brasil aparecem Paquistão, com 264 mil crianças que fazem trabalhos domésticos, Haiti (250 mil), Quênia (200 mil) e Sri Lanka (100 mil). As informações foram divulgadas no site da Ordem dos Advogados do Brasil.

Ainda segundo o estudo da OIT, existem dez milhões de crianças no mundo, em sua maioria meninas, forçadas a trabalhar em casas particulares, em condições similares à escravidão.

O presidente da OAB, Roberto Busato, afirmou que “nossa colocação na estatística do trabalho infantil nos põe em pé de igualdade com países muito atrasados em outras estatísticas sociais, como Indonésia, El Salvador, Guatemala, Índia, Bangladesh e Paquistão”.

Para Busato, “o Brasil tem realmente que tomar consciência desse grave problema e diminuir as exclusões sociais, começando por cobrar medidas urgentes de redução dos altíssimos percentuais de desemprego, um dos fatores mais determinantes para a perda de cidadania”.

Um dos maiores problemas, segundo o presidente da OAB, é que essas crianças “estão tão acostumadas a fazer os trabalhos domésticos, a cuidar dos filhos dos patrões e a não ter um ambiente doméstico saudável, que começam a achar aquela perspectiva normal”.

Conforme o relatório da OIT, essas crianças raramente recebem salário, algumas vezes sofrem abusos sexuais e quando são consideradas “muito velhas” acabam sendo expulsas pelos patrões. O estudo coincide com o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, que será celebrado neste sábado (12/6).

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