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Governo jogou com artilharia pesada para aprovar MP do mínimo

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3 de junho de 2004, 13h07

Kit-votação

O governo jogou com artilharia pesada, conseguiu costurar uma maioria folgada e aprovou, sem alterações, a emenda que fixou em R$ 260 o salário mínimo. Para garantir os votos necessários, o Planalto acelerou a liberação de emendas a deputados. Além disso, entraram na negociação alianças eleitorais e promessas de apoio de infra-estrutura em campanhas.

Direita volver

A pressão sobre a esquerda do PT — com promessas e ameaças de represália — estraçalhou o grupo. Dos 21 deputados que assinaram documento propondo um salário mínimo maior na semana passada, restaram só 5 resistentes.

Esconde-esconde

O governo também assegurou que não haveria votação nominal da MP de R$ 260. Assim, sem ter de oferecer sua assinatura digital, ficou mais fácil, para os que temiam desgaste da própria imagem em pleno ano eleitoral, apoiar o governo. Votação simbólica se confere visualmente: quem é a favor levanta a mão, vê-se que há maioria, e ninguém fica com o nome registrado nos temidos anais do Congresso, sempre utilizados tempos depois para mostrar incoerência dos políticos.

Ausência notada

O deputado Vicentinho (Vicente Paulo da Silva), ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), pré-candidato pelo PT à prefeitura de São Bernardo do Campo e petista influente, não compareceu à votação. Ele estaria em missão oficial no exterior, junto com outros petistas faltosos, explicou o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Revanche

A oposição exibiu faixas e cartazes cobrando o PT pela promessa de dobrar o poder de compra do mínimo. Numa das faixas, estendida pelo deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), ministros como Antonio Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil) aparecem numa foto fazendo um sinal de mínimo com os dedos, durante uma votação do governo Fernando Henrique Cardoso.

Pagando o favor

Em dívida com o Planalto, que ajudou a derrotar a emenda da reeleição das presidências do Congresso no mês passado, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), trabalhou ontem para diminuir as resistências da bancada peemedebista à aprovação da MP que reajuste o mínimo de R$ 240 para R$ 260. Renan chegou até mesmo a pedir a ajuda da governadora do Rio, Rosinha Matheus, e do marido e secretário de Segurança, Anthony Garotinho, para convencer a bancada do PMDB do Rio, com 18 deputados, a votar a favor do mínimo proposto pelo presidente Lula.

Assim falou… George W. Bush

“Eu mesmo não suportaria que meu país fosse ocupado”

Do presidente dos Estados Unidos, em entrevista à revista Paris Match, ao reconhecer como natural que os iraquianos sintam vontade de lutar contra as forças de ocupação de seu país.

Independência ou crise

O temor de um terceiro choque do petróleo, decorrente da instabilidade política nos países produtores, chegou à Organização das Nações Unidas (ONU). Durante uma conferência sobre fontes renováveis de energia, em Bonn, na Alemanha, a organização lançou o desafio de iniciar o que chama de uma “revolução energética” contra a dependência mundial do petróleo. O diretor do programa ambiental das Nações Unidas, Klaus Töpfer, pediu a mais de 3 mil representantes de 150 países que invistam em fontes de energia renováveis.

A meta proposta é a de produzir, até 2020, pelo 20% da energia por meio de fontes alternativa. Hoje, apenas 13,8% resultam de fontes renováveis. A proposta foi acatada e deve constar de uma carta que os conferencistas divulgarão ao fim do encontro. Os preços do petróleo recuaram ontem, véspera da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em Beirute. O preço do barril para entrega em julho, negociado em Nova York, fechou com queda de US$ 2,37 (-5,6%), a US$ 39,96. No dia anterior, a cotação havia aumentado 6,1%, para o recorde de US$ 42,32. A inversão foi possível graças ao anúncio do governo do Kwait de aumento de produção de 100 mil barris por dia já em junho. E ainda porque a Arábia Saudita manteve o compromisso de defender, na reunião, aumento total de produção de 2,5 milhões de barris por dia, o que elevaria a oferta dos países do cartel para R$ 26 milhões de barris diários.

*A coluna é produzida pelo site Primeira Leitura – www.primeiraleitura.com.br

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