Atentados nos EUA

O mundo tem mais depois de um ano de atentados nos EUA

Autor

  • Gonzaga Adolfo

    é doutor em Direito pela Unisinos e pesquisador na área dos Direitos Autorais professor da Ulbra Gravataí e do Programa de Pós-Graduação em Direito (Mestrado e Doutorado) da Unisc e ex-presidente (gestão 2011/2013) da Comissão Especial de Propriedade Intelectual da OAB-RS.

9 de setembro de 2002, 15h59

O dia 11 de setembro de 2001 certamente vai ficar por muito tempo na mente de todas as pessoas. Assistimos ao vivo, naquela manhã primaveril, atordoados, os acontecimentos até então inimagináveis, em Nova Iorque. Logo no início, após o primeiro avião atingir a torre Norte, até parecia, aos mais incautos, que passava um filme na televisão. Não era ficção.

Aquele foi um dia agitado. As pessoas conversam muito, todas preocupadíssimas. Alguns até falavam em terceira guerra mundial. As emissoras de rádio e televisão se ocuparam do atentado, muitas com transmissões instantâneas, a partir de Nova Iorque.

Noam Chomsky diz que foi a segunda vez que o território norte-americano foi agredido por forças externas, a primeira após a Guerra de 1812, contra a Inglaterra, também denominada de Segunda Guerra da Independência dos EUA (11 de Setembro, Bertrand do Brasil, 2001, p. 11).

Os americanos logo reagiram, como era de se esperar. Seguiram-se os ataques ao Afeganistão, que foi arrasado em menos de um mês. Lá estariam os mentores dos atentados. A realidade política internacional, entretanto, era outra: pela primeira vez não havia guerra entre Estados, mas a “guerra” declarada era contra organizações terroristas.

O inimigo era desconhecido. Diversos ingredientes extras estavam neste imbróglio, a começar por forte influência de princípios religiosos, com clara intolerância de ambos os lados. Permitia-se aos Estados Unidos o legítimo interesse de reagir. A forma como o Afeganistão foi arrasado até hoje nos deixa perplexos.

O presidente Bush, antes enfraquecido por uma eleição que foi decidida em última instância na Corte Suprema, teve no infortúnio a possibilidade de se tornar o grande líder da nação americana. Reagiu, mesmo com inúmeros excessos e sofrendo críticas, inclusive na esfera interna, com a supressão de vários direitos civis, dos quais os americanos tanto se orgulhavam.

O mundo passou a ter mais medo, pois se pensava viver em era de paz depois de superada a Guerra Fria. Ao contrário, uma simples viagem de avião passou a ter incontáveis procedimentos de segurança, e o temor de guerra acentuou-se, ao mesmo tempo em que se agravou o conflito entre palestinos e judeus nestes últimos 365 dias. A esperança de que a queda das torres pudesse conduzir à paz não se efetivou.

Um ano depois, o mundo tem mais medo. Possivelmente, não se tenha entendido ainda o que ocorreu naquela manhã em Nova Iorque. Na verdade, ainda não se entendeu. Talvez o século XXI tenha efetivamente começado naquele dia, infelizmente projetando tantos conflitos como o anterior, que, segundo alguns historiadores, destacando-se Eric Hobsbawn, iniciou na Primeira Guerra e terminou na queda do muro de Berlim.

Hoje, vê-se a ameaça reiterada de guerra ao Iraque pelos Estados Unidos, com possibilidade de aumentar o medo, além de todas as decorrências comerciais em torno do preço do petróleo, facilmente previsíveis, ou seja, agravamento da crise econômica. O mais triste é que a paz está mais longe ainda. Restou um vazio enorme na paisagem de Nova Iorque. Outro em nossas almas.

Autores

  • Brave

    é advogado com atuação em Direitos Intelectuais, mestre e doutor em Direito pela Unisinos, professor da Unisinos, da Ulbra Gravataí e do Unilasalle

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