Quinta-feira, 5 de setembro.

Primeira Leitura: Lula deixa de lado a fase de paz e amor.

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5 de setembro de 2002, 9h53

Lulinha não é mais paz e amor

Luiz Inácio Lula da Silva abandonou o tom olímpico, com que parecia ignorar os adversários, e deixou de lado o “Lulinha paz e amor”. Quarta-feira, o candidato petista partiu para o ataque a José Serra, a quem chamou de chorão.

Lula criticou o tucano pelo fato de, no debate da TV Record, na segunda-feira passada, ele ter reclamado das perguntas dos demais participantes, que centravam fogo em ataques ao governo FHC. Para o petista, Serra tenta esconder que é governista.

Falsa questão

Se Lula pode dizer que ele e o PT evoluíram e hoje não defendem mais o que antes defendiam, por que Serra não pode ser, ao mesmo tempo, herdeiro de FHC e crítico de parte dessa herança?

Governo ou oposição?

Assim como Lula pode prometer seguir o atual governo na manutenção das metas de inflação, do superávit primário e das metas acertadas com o FMI, Serra pode ser um pouco oposicionista e falar em retomada do crescimento, política de emprego e política industrial.

No mesmo lugar

Lula até pode considerar que suas ambigüidades são mais morais do que as dos outros, mas o fato é que o PT convertido de Lula e o PSDB repaginado de Serra buscam ocupar o mesmo lugar no espectro ideológico: a centro-esquerda.

Privatização

Cálculos técnicos e objetivos desautorizam as afirmações de Lula de que a Telebrás teria sido subavaliada ao ser privatizada. A crítica foi feita no debate da TV Record e endossada por Ciro Gomes e Anthony Garotinho.

Vejam só

As ações da Telebrás que foram a leilão em 1998 têm hoje apenas 18,2% do valor pelo qual foram vendidas. A correção foi feita pela taxa-Selic. Em dólares, o preço atual da parcela da empresa que foi leiloada alcança apenas 14,5% do que foi arrecadado pelo Tesouro na operação.

Ataque contínuo

Serra não vai dar trégua a Ciro Gomes. Sua campanha prepara um programa especial sobre o candidato da Frente Trabalhista, no qual devem ser ressaltadas suas semelhanças com Fernando Collor. O programa deve ir ao ar provavelmente no dia 17.

Efeito ACM

O senador Roberto Freire (PE), presidente do PPS, partido de Ciro Gomes, encontrou a razão para a queda do presidenciável nas pesquisas. Além da baixa qualidade de sua propaganda, a culpa foi das alianças com a direita (PTB, PFL, ACM, Bornhausen, etc). Ah, então foi isso?

Parceiros

Envolvido na investigação sobre a compra de uma fazenda pela Força Sindical a preços supostamente superfaturados, Paulo Pereira da Silva, vice de Ciro, afirmou ontem que estuda fazer queixa à ONU sobre o processo eleitoral no Brasil.

Paulinho, como é conhecido o presidente licenciado da central sindical, coloca-se assim ao lado de Leonel Brizola e José Sarney, que já falaram em pedir observadores internacionais, mas não pediram.

Olha a inflação

O índice de inflação na cidade de São Paulo, o IPC da Fipe, chegou a 1,01% em agosto, o maior desde agosto de 2001. Boa parte do resultado se deve à alta do dólar. Em setembro, é provável que o índice seja menor: 0,3%, segundo a Fipe. Com a renda em queda, não há espaço para repassar toda a variação cambial para os preços.

Assim falaram…Lula e Serra

“A verdade é que o candidato Serra é um chorão. Ele só quer o bônus de utilizar a máquina do governo. E não, o ônus de ser o candidato do governo.”

Do candidato petista ao criticar o presidenciável tucano, que, no debate da TV Record, reclamou das perguntas dos demais participantes sobre problemas da administração FHC.

“Ninguém mais do que Lula chorou reclamando para ter direito de resposta. Se havia ali chorão, certamente não era um só.”

Do candidato do PSDB em resposta a Lula

Estava escrito

A vitória de Jacques Chirac e a passagem de Le Pen para o segundo turno das eleições presidenciais francesas, assim como outros feitos eleitorais da direita européia, levaram muita gente a acreditar que a social-democracia seria enterrada na Europa.

Em sua edição de agosto, a revista Primeira Leitura avisou seus leitores de que não era bem assim e mostrou que o chanceler alemão, Gerard Schroeder, reagia ao avanço da direita. Às vésperas das eleições, o social-democrata encostou no direitista democrata-cristão Edmund Stoiber: Têm 39% a 40% das intenções de voto, respectivamente.

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