Terça-feira, 3 de setembro.

Primeira Leitura: FHC responde acusações de Ciro Gomes.

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3 de setembro de 2002, 9h47

FHC em campanha

Chamado ao confronto por Ciro Gomes, o presidente Fernando Henrique aceitou o desafio. Segunda-feira, na África do Sul, onde participa da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, FHC respondeu às acusações do candidato da Frente Trabalhista de que seu governo ampliou o desemprego.

“É muito ruim haver desemprego, mas, às vezes, me atribuem um número que não é o verdadeiro. Quando eu assumi, a taxa já era de 4,5% a 5%”, afirmou. O ataque de Ciro teve por objetivo desqualificar a promessa do tucano José Serra de criar 8 milhões de postos de trabalho.

Não pega

FHC ainda aproveitou para desqualificar a estratégia de Ciro. “Ataque, quando é eleitoral, não pega”, disse. “Não adianta. Tem efeito pouco positivo”. Além disso, o presidente entrou no TSE com um pedido de direito de resposta no horário de Ciro.

Sem continuísmo

FHC também procurou sancionar o conceito da candidatura governista, lançada com a frase “continuidade sem continuísmo”. O presidente disse que vai manter o programa de transição mesmo que o eleito seja Serra, pois o fato de o tucano ser eleito não significa que ele não vá promover muitas mudanças.

De jeito nenhum

A pesquisa Datafolha divulgada no domingo tem, além do empate técnico entre Ciro e Serra (20% a 19%), uma outra novidade. A rejeição do candidato da Frente Trabalhista cresceu oito pontos percentuais. O número dos que afirmaram não votar de jeito nenhum nele aumentou de 17% para 25%.

Segundo turno

Há um outro dado novo. Ciro, que antes vencia Lula no segundo turno, poderia ser derrotado pelo petista por 48% a 41%. Segundo a nova pesquisa, ele não venceria nem mesmo Serra. Num embate com o tucano, a diferença — a favor de Serra — seria de 1 ponto: 42% a 41%.

Balança gorda

O superávit da balança comercial em agosto é o melhor do país desde junho de 1990. Com o resultado líquido de US$ 1,575 bilhão no mês passado, o saldo acumulado no ano é de US$ 5,7 bilhões. Em 12 meses, o saldo já é de US$ 7,365 bilhões.

Pé no freio

O principal motivo do bom desempenho foi a expressiva queda de 16,9% nas importações, afetadas pela recessão no país e também pela escassez de crédito às empresas brasileiras.

Alívio

O resultado comercial alivia a pressão sobre as contas externas, o que pode evitar nova disparada do dólar. No mercado, começa a crescer a expectativa de que o BC use o viés de baixa e reduza logo a taxa de juros. Os contratos de juros para outubro fecharam em queda de 0,22%, a 17,96% ao ano.

Intervenção

O ministro de Minas e Energia, Francisco Gomide, e o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Sebastião do Rego Barros, disseram que a intervenção sobre o preço do gás é temporária. Mesmo assim, o presidente da estatal, Francisco Gros, deixou claro que tal intervenção não combina com a liberdade de mercado.

Será?

Não é bem assim. Em qualquer país e em qualquer setor da economia, o governo tem o direito de agir quando considera que os preços estão distorcidos por algum motivo. Quando desconfia que as empresas desse setor formaram um cartel, por exemplo. Aliás, em qualquer país minimamente civilizado (e no Brasil não é diferente), o governo tem o direito de intervir diante, apenas, da suspeita de que uma empresa possa vir a ter o poder de fixar preços.

Maré da história

Diante das dificuldades do presidente George W. Bush, que não consegue implementar medidas para reforçar a economia americana, parlamentares republicanos já acreditam que devem perder as eleições em novembro. O presidente do Comitê Nacional Republicano, Marc Racicot, disse que seu partido está lutando “contra a maré da história”.

Sozinho, não!

Uma pesquisa do jornal Los Angeles Times, publicada segunda-feira, mostra que 59% dos entrevistados apoiariam uma ação militar americana contra o Iraque, como que Bush. Mas, para a maioria destes (61%), é indispensável o apoio internacional, coisa que, dificilmente, o presidente americano conseguirá.

Lá também

Na edição de segunda-feira do jornal The New York Times, economistas afirmavam que os trabalhadores americanos estão cada vez mais preocupados com a estagnação dos salários e com o aumento do desemprego, que chegou a quase 6%, o nível mais alto em oito anos.

Assim falou…FHC

“O fato de ser eleito alguém do mesmo partido do atual governante não implica que esse alguém não vá mudar muita coisa.”

Do presidente da República ao afirmar que vai manter o programa de transição para o próximo governo mesmo que José Serra seja eleito.

Tudo é história

Ao falar em Minas Gerais, no domingo, Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, voltou a utilizar uma retórica que o assemelha ao ex-presidente Fernando Collor de Mello.

“Não faltam razões para a gente estar indignado. E eu sou um indignado que não vai ser amansado. Isso eu não estou dizendo para vocês, estou dizendo para os barões de São Paulo. Eu não vou ser amansado”. O discurso de Ciro ecoa a fala de Collor que, durante a campanha, escolheu os empresários da Fiesp como adversários.

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