22/3/2002

Primeira Leitura: bancadas do PFL podem recorrer ao PMDB e PSDB

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22 de março de 2002, 11h48

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Diáspora

Sem perspectiva de composição eleitoral para sustentar a candidata Roseana Sarney, a Executiva Nacional do PFL concluiu que corre o risco de suas bancadas debandarem-se para partidos como o PMDB e PSDB. O discurso de Sarney-pai foi considerado um “tiro pessoal e no vazio”, e ninguém acredita que a CPI do Grampo vá adiante.

Emergência

Na avaliação do comando do PFL, só lhe resta “engrossar” no Congresso, nas votações de interesse do Planalto, e controlar as bancadas. O partido decidiu, por isso, que vai passar a “fechar questão” nas votações mais importantes e que será contra a MP do aumento da contribuição social do setor de serviços para compensar o reajuste da tabela do IR.

À deriva

A derrapagem do PFL, que perdeu o status de aliado preferencial do Planalto ao abandonar a base governista, deixou muitos políticos pefelistas em situação complicada às portas da eleição.

A situação foi descrita da seguinte maneira: o partido queimou as caravelas e tem gente voltando de jangada e barco a remo para o governo.

Passou batido

O PT deixou passar batido uma ótima oportunidade de criticar o governo tucano: a repercussão das críticas de Jean Ziegler, comissário da ONU, à miséria e à fome no Brasil. Afinal, a questão social não foi mesmo uma prioridade da gestão de FHC.

Escolhas

Em vez de explorar politicamente – no melhor sentido democrático – o pito das Nações Unidas, parlamentares petistas optaram por compor a claque de José Sarney no Senado, aplaudindo enquanto o velho udenista clamava por observadores internacionais para a eleição presidencial, como se o Brasil fosse, eleitoralmente, o Zimbábue.

Alta eleitoral

A dificuldade de avaliação do cenário político – com o recuo do candidato governista na pesquisa CNI/Ibope – foi usada como argumento pelo investidor externo para elevar o risco do Brasil.

O EMBI+, índice calculado com base em uma cesta de papéis brasileiros acompanhados pelo JP Morgan, encerrou o dia em alta de 2,72%, a 7,17 pontos percentuais.

Ainda assim…

O governo ignorou a percepção do mercado financeiro e concluiu a emissão de 500 milhões de euros em bônus. O título tem prazo de 7 anos e vencimento em 2 de abril de 2009.

Rumo traçado

As discussões entre os analistas e operadores no mercado financeiro são, hoje, essencialmente políticas. A economia, até onde se vê, tem os seus rumos traçados, com a retomada do crescimento.

A grosso modo

O cenário eleitoral de hoje poderia ser resumido da seguinte maneira: um terço do eleitorado escolheria a continuidade; um terço votaria em Lula. O terço restante está insatisfeito com o governo mas não confia no candidato petista.

Assim falou… Eduardo Duhalde

“Um país que não cumpriu seus compromissos não gera confiança.”

Do presidente argentino, ao enxergar “lógica” no comportamento do FMI e de outros organismos multilaterais que resistem a ajudar seu país com dinheiro novo. É um papel que, obviamente, não cabe a Duhalde…

Estava escrito

A retirada da pré-candidatura de Itamar Franco (PMDB-MG), com um aceno em direção ao candidato tucano, José Serra, faz lembrar uma análise de Primeira Leitura em 6 de abril de 2001: “Itamar e Serra têm um bom relacionamento pessoal. As muitas reservas de natureza pessoal que o governador alimenta em relação ao presidente (FHC) ele não as tem em relação ao ministro da Saúde. A se consolidar Serra como o candidato do governo à sucessão de FHC e sendo o PMDB o aliado preferencial, como tudo indica, uma acomodação ainda é possível”.

Revista Consultor Jurídico, 22 de março de 2002.

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