1/3/2002

Primeira Leitura: Roseana Sarney critica duramente decisão do TSE

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1 de março de 2002, 9h33

Face oculta

Partidos e candidatos começaram a revelar os reais motivos da rejeição à norma da Justiça Eleitoral dois dias depois de o TSE ter decidido que as coligações estaduais devem ter como base as alianças eleitorais nacionais.

O comando do PFL, muito menos ácido nas críticas do que a candidata Roseana Sarney, do Maranhão, reuniu-se e decidiu que fará apenas um apelo “respeitoso” ao TSE para que mantenha a liberdade de cada partido celebrar a aliança que quiser.

Nos bastidores

Roseana critica duramente o TSE porque a estratégia de sua candidatura era mostrar-se mais como mulher, governadora e da nova geração política do que como filha do clã Sarney e legítima representante do PFL.

Ilusão perdida

O governador do Rio, Anthony Garotinho, achava que o pequeno PSB atrairia os descontentes com governo e oposição e transformaria o partido em uma alternativa nacional na disputa ao Planalto.

Agora corre atrás de alianças com os grandes – reuniu-se com o PMDB, mas saiu do encontro do jeito que entrou: sem apoio algum.

Marcas da recessão

A economia brasileira registrou em 2001 o menor crescimento desde 1999. Segundo dados divulgados pelo IBGE, o PIB cresceu 1,5%. A trajetória trimestral é reveladora do que foi o ano: crescimento de 4,33% no primeiro trimestre, de 2,07% no segundo, de 0,5% no terceiro e queda de 0,69% no quarto.

Conta de luz

No acumulado do ano, o setor industrial sofreu retração de 0,58%, enquanto agropecuária e serviços cresceram 5,11% e 2,52%, respectivamente. A queda da atividade industrial é o resultado direto da crise energética e, notadamente, da política de juros conduzida pelo Banco Central.

A culpa dos juros

Ao longo de 2001, a taxa básica subiu 3,75 pontos percentuais. Por sete meses, os juros ficaram em 19%. Neste ano, na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC decidiu reduzir a taxa em 0,25 ponto percentual.

Tomando fôlego

Diz a ata do Copom, também divulgada, que a decisão não foi unânime (foram cinco votos a três). Mas ela mostra uma clara mudança na política do BC, já que, a partir de agora, a política monetária passa a “mirar numa inflação entre 4% e 4,5%, dentro do intervalo da meta de 2002′, abandonando o centro da meta (3,5%), o que pode dar algum fôlego para a retomada do crescimento.

No meio do caminho

Isso só vai acontecer, claro, se a redução da taxa-Selic chegar na ponta do empréstimo, o que ainda não aconteceu. Segundo relatório do BC, a taxa de juros média cobrada pelos bancos em operações de crédito atingiu 61,24% em janeiro. A inadimplência atingiu o maior nível desde junho de 2000.

Subiu no telhado

Vem mais protecionismo aí. O presidente George W. Bush recebeu um relatório do Departamento de Comércio afirmando que Brasil, França e Coréia subsidiam o aço que vendem aos EUA. Uma das opções em estudo pelo governo norte-americano é estabelecer uma tarifa de 40% sobre o produto importado.

Escaramuças

O comissário de Comércio da União Européia, Pascal Lamy, endureceu o discurso: se os Estados Unidos adotarem restrições, a UE usará salvaguardas da Organização Mundial do Comércio para também se proteger.

Assim falou… Uri Avnery

“Antes que os assentamentos confundissem nossas mentes, isso pareceria um sonho tornado real.”

Do pacifista israelense, em anúncio publicado no jornal Ha’aretz, em apoio à proposta saudita de reconhecimento de Israel pelo mundo árabe em troca da desocupação dos territórios palestinos.

A política de assentar israelenses em áreas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza foi um dos principais motivos da escalada da violência no Oriente Médio.

Tudo é história

Em 25 de abril de 1972, semanas antes de ordenar uma das maiores ofensivas norte-americanas no Vietnã, o presidente Richard Nixon defendeu, em reunião com assessores, um ataque nuclear ao país. Depois que o conselheiro de Segurança Nacional, Henry Kissinger, apresentou alternativas para a escalada da guerra – como o bombardeio de usinas e portos –, Nixon respondeu: “Prefiro usar a bomba atômica”. “Isso, penso, seria exagerado”, respondeu Kissinger. “A bomba atômica. Isso incomoda você? Eu quero apenas que você pense grande”, reagiu Nixon.

A proposta do presidente, que não prevaleceu, foi gravada e consta de 500 horas de fitas cujo conteúdo foi tornado público pelo Arquivo Nacional dos EUA.

Revista Consultor Jurídico, 1º de março de 2002.

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