Contaminação virtual

Autor do vírus Melissa é condenado à prisão nos Estados Unidos

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2 de maio de 2002, 14h26

O criador do vírus Melissa foi condenado essa semana a 20 meses de prisão em uma penitenciária federal dos Estados Unidos. David L. Smith, de 33 anos, foi considerado culpado de corromper sistemas de e-mail e provocar prejuízos mundiais avaliados em US$ 80 milhões (cerca de R$ 200 milhões), informou a agência de notícias Associated Press (AP).

O Melissa foi descoberto no final de março de 1999, quando apareceu em milhares de caixas de correio eletrônico. Sua rápida disseminação pôs o FBI atrás de seu criador e rapidamente descobriu-se que o vírus tinha partido de uma conta roubada da AOL. No dia primeiro de abril do mesmo ano, David Smith foi preso e, em dezembro, confessou-se culpado perante um tribunal federal e outro estadual.

Desde então, Smith estava respondendo ao processo em liberdade, depois de ter pago uma fiança. Segundo a AP, no julgamento de quarta-feira ele poderia ter sido condenado a 5 anos de prisão, mas os promotores sugeriram uma pena de cerca de dois anos, devido à extensa colaboração de Smith com as autoridades para evitar a ação de outros criadores de vírus. Ele também será obrigado a pagar uma multa de US$ 5 mil.

Na sexta-feira (3/5), Smith pode receber uma condenação semelhante por causa da acusação de roubo da conta da AOL, que está sendo julgada por uma corte estadual. Ele também admitiu sua culpa neste caso.

O surgimento do Melissa marcou uma nova era na história dos vírus de computador. A técnica utilizada pelo worm era inovadora na época, e fez com que milhares de usuários fossem contaminados em algumas horas. Agências governamentais e grandes empresas, como Lucent, Intel e a própria Microsoft foram atingidas, sendo obrigadas a desligar seus servidores de e-mail.

O vírus vinha em um e-mail escrito em inglês com o título “Mensagem importante de (nome do usuário)”, e o texto “Aqui está aquele documento que você pediu… não mostre a mais ninguém ;-)”. Em anexo, havia um arquivo do Word contendo uma lista de senhas para sites pornográficos. Ao ser aberto, o arquivo executava uma macro, que dava início ao processo de infecção. O vírus então acessava os primeiros 50 endereços do catálogo do Outlook e enviava uma cópia si mesmo a estes endereços, dando continuidade ao processo.

A técnica foi tão bem sucedida, que até hoje é imitada por milhares de outros vírus criados após o Melissa. Acredita-se que Smith batizou o vírus com este nome em homenagem a uma dançarina de strip-tease que conheceu na Flórida.

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