Sexta-feira, 21 de junho.

Primeira Leitura: Brasil é o 2º país mais arriscado para investir.

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21 de junho de 2002, 19h24

Batemos a Nigéria…

O risco-país disparou: subiu 15,2%, para 1.593 pontos. O Brasil é, agora, o segundo país mais arriscado para investimento estrangeiro no planeta, perdendo apenas para a Argentina. O dólar, com alta de 2,69%, fechou cotado a R$ 2,788.

Amarrem os cintos

Um resumo da crise no país: a economia real está em queda; o crédito bancário à produção está secando; as empresas que carregam dívidas em dólar estão em dificuldades.

Alto risco

Citando fatores negativos, como a vulnerabilidade externa e o aumento do risco-país, a agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a dívida soberana em moeda estrangeira do Brasil.

A nota passou de BB- para B+. Em bom português: aumentou, para a Fitch, o risco de o país não honrar seus compromissos externos.

Com viés de baixa

Mais: a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou de estável para negativa a perspectiva no Brasil. Foi o segundo rebaixamento do país, em 17 dias, pela Moody’s.

A justificativa da agência: os investidores perderam a confiança no Brasil por causa do quadro de incerteza sobre as eleições presidenciais de outubro.

Taquicardia

O mercado financeiro olhou para essas avaliações e para o resultado da pesquisa CNI-Ibope, que mostrou a estagnação das intenções de voto no candidato governista, José Serra, e fez de quinta-feira um dos piores dias do ano.

Feios, sujos e malvados

Economistas são unânimes ao identificar o aumento da aversão dos investidores a mercados emergentes – as taxas de risco de todos subiram, embora não tanto quanto a do Brasil.

Drama eleitoral

O ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, concorda com a tese da aversão dos investidores aos mercados emergentes, mas destaca o cenário eleitoral.

Segundo afirmou em entrevista à Agência Estado, as eleições não teriam esse impacto se a relação entre a dívida e o PIB do país não estivesse tão elevada e o país não estivesse tão vulnerável.

Herança malanista

Um doce para quem adivinhar o responsável pela extrema vulnerabilidade externa do país – fazendo o Brasil passar anos sem um crescimento econômico sustentado, pagando juros elevadíssimos.

Mais um

Contaminado pela crise argentina, o Uruguai deixou flutuar sua moeda, o peso, que desvalorizou cerca de 12% em relação ao dólar ontem.

Enquanto isso, na Argentina…

As reservas argentinas estão em US$ 9,928 bilhões, quase metade do montante de janeiro. Pior: desse total, US$ 5 bilhões pertencem ao FMI. Assim, na verdade, o país tem em caixa apenas US$ 4,928 bilhões.

Por isso, o Fundo exigiu o governo parasse de vender reservas para tentar segurar a cotação do peso. O BC argentino passou a usar para isso apenas a receita das exportações.

Assim falou… Arnaldo Madeira

“Confesso que estou me divertindo.”

Do líder do governo na Câmara dos Deputados, sobre as acusações sobre um suposto esquema de propina no governo petista de Santo André. À diferença do tucano, Primeira Leitura não está se divertindo. O episódio é lamentável porque: 1. a acusação será usada contra Lula; 2. não faltarão idiotas a dizer que é armação de Serra; 3. é uma acusação ainda sem provas que tenta atingir a imagem de um grande administrador público, Celso Daniel.

Tudo é história

Não demorou para o premiê israelense, Ariel Sharon, ceder à pressão da extrema direita do país e mudar o projeto do “muro da vergonha”, com o qual pretende separar Israel da Cisjordânia, em busca de uma ilusória segurança total contra ataques terroristas.

Sharon empurrará a divisão quatro quilômetros para dentro do território palestino, sob a justificativa de proteger um assentamento israelense próximo à fronteira. Vai, na verdade, consolidar a ocupação de áreas autônomas palestinas, definidas a partir dos acordos de Oslo, nos anos 90, e isolar a cidade palestina de Qalqilya do resto da Cisjordânia. O governo Sharon consegue, assim, piorar o que já era, de saída, uma política desastrosa para a paz no Oriente Médio.

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