Quarta-feira, 19 de junho.

Primeira Leitura: investidor mantém firme o dedo no gatilho

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19 de junho de 2002, 10h23

Gatilho rápido

O comportamento do mercado terça-feira comprovou o que Primeira Leitura vem antecipando: 1) a crise não acabou, e o investidor, externo ou interno, mantém firme o dedo no gatilho; 2) pesquisas eleitorais são hoje mais importantes do que nunca; 3) os movimentos de alta do dólar e do risco do Brasil são sempre mais expressivos do que os de baixa.

Calmaria

Os índices reagiram ao sabor dos boatos durante todo o dia: de manhã, com tranqüilidade, a partir do rumor de que a nova pesquisa CNI-Ibope traria Serra com 27% das intenções de voto e Lula com 37%.

Efeito Ciro

Perto do meio-dia, surgiu um boato na contramão do primeiro e outro sobre um suposto rebaixamento da nota do Brasil decidido por uma agência de classificação de risco. Falou-se também em forte alta de Ciro Gomes. O resultado foi a alta de 1,9% do dólar e de 5,04% no risco.

Eu fico

Em depoimento na Câmara, o presidente do BC, Armínio Fraga, disse que é importante reduzir a volatilidade com medidas como as que vêm sendo tomadas. Sobre eleições, disse que aceita o convite de Serra para ficar no cargo caso o tucano vença as eleições presidenciais.

Aceno?

Um dia antes de o Copom definir a taxa Selic, Armínio disse ainda que o país caminha para uma taxa real de juros de apenas um dígito, já que a inflação é declinante. Os analistas não têm opinião consensual sobre que decisão será tomada

Aposta

Primeira Leitura acredita que o BC vai manter os juros nos atuais 18,5% ao ano. E essa é a coisa certa a fazer. Não é hora para testar teorias ou para criar marolas, mas de ser responsável e entender que a crise financeira tornou secundário o debate sobre a inflação e o crescimento.

O tempo passou

A inflação que está aí sempre permitiu uma queda dos juros. O crescimento medíocre que está aí sempre pediu o mesmo. Mas o BC não vê a inflação ou a economia real, vê apenas a meta de inflação.

Quando podia, o BC decidiu não cortar os juros. Agora, que não pode, seria irresponsável se o fizesse.

Máxima culpa

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, voltou a cobrar do PT que faça uma espécie de mea-culpa econômico, admitindo claramente em seu programa de governo que mudou o discurso econômico.

Mudei, sim

Apesar de dizer que “as pessoas podem mudar”, Malan claramente atribui à mudança do PT o valor de uma derrota. Não é. A mudança do discurso petista, para a chamada “conversão propositiva”, é uma evolução e tanto.

Na contramão

Muito pior é o próprio Malan, que não admite mudar de posição, embora seu ideário econômico já tenha sido atropelado tantas vezes pelos fatos nos últimos sete anos e meio.

Revisão

De qualquer forma, o PT vem tentando apagar seus próprios incêndios. Em um artigo no Valor Econômico de terça-feira, o economista Ricardo Carneiro amenizou declarações que tinha feito para o mesmo jornal na semana retrasada.

Metas e núcleo

Já Guido Mantega, assessor econômico de Lula, defendeu a manutenção do sistema de metas inflacionárias, mas com objetivos “mais realistas” e o uso do núcleo da inflação.

Assim falou… Aldair da Mangueira

“O doutor falou que quebraram ele todinho (…) O bagulho tá sério, o bagulho desse repórter aí”.

Do traficante que integra o bando de Fernandinho Beira Mar, comentando o assassinato do jornalista Tim Lopes, da Rede Globo. As conversas telefônicas, feitas dentro do presídio de Bangu 1 e gravadas pelo Ministério Público, evidenciam o absurdo grau de liberdade dos presos em uma penitenciária de segurança máxima.

Tudo é história

Segundo o jornal árabe Al-Hayat, de Londres, os governos do Egito e de Israel foram informados sobre as linhas principais da nova política do governo Bush para o Oriente Médio. De acordo com a publicação, Bush vai defender a criação de um Estado palestino provisório, reconhecido pela ONU, que permita a negociação um acordo de paz definitivo com Israel.

Esse Estado provisório seria dividido: parte teria controle total palestino e o restante seria vigiado pelas forças de segurança de Israel. Ora, esse arranjo já aconteceu: são as áreas A e B definidas pelos acordos de Oslo, nos anos 90, que resultaram, justamente, em um “Estado” provisório: a Autoridade Palestina. Ou seja, não há avanço nenhum.

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