Terça-feira, 18 de junho.

Primeira Leitura: movimento do PSDB e do PMDB acalma o mercado

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18 de junho de 2002, 9h50

Sossega, mercado!

Os movimentos do governo, na segunda-feira, e os discursos do primeiro time do PSDB e do PMDB, nas convenções do fim de semana, evidenciaram uma determinação política de acalmar o mercado financeiro. Deu resultado, como mostraram os indicadores financeiros.

Esperança

Em entrevistas para a Rede Globo e para o jornal britânico Financial Times, Armínio Fraga, do BC, trouxe de volta ao debate até a possibilidade de o Copom anunciar uma redução de juros, por causa da queda da inflação. Disse também que é uma “bobagem” comparar Brasil e Argentina.

Contra-ataque

A equipe econômica faz coro e só fala agora que houve “exagero do mercado” na semana passada. Durante uma teleconferência, o diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, afirmou a investidores que há muita munição para atuar em caso de overshooting no câmbio. Em bom português, quando subir muito.

Morreu no ar

O jingle utilizado na convenção do PSDB, sábado, tratando da situação da Argentina, foi vetado pela direção do partido. O uso da musiquinha teria sido uma “falha técnica”.

Mote

É um sinal claríssimo da mudança de registro nos discursos das principais lideranças tucanas. O presidente Fernando Henrique Cardoso, ex-ministros e o próprio candidato José Serra preferiram falar de planos de governo e enfatizaram o que pode ser o novo eixo da campanha tucana: “mudança com segurança”.

Mãos à obra

Superada a etapa mais importante, a oficialização da aliança com o PMDB, Serra partiu agora para a costura de apoios informais com outros partidos. Espera conseguir palanques sólidos em Estados importantes.

Sem ressentimentos

Lembram-se de Inocêncio Oliveira, um dos mais loquazes críticos de Serra durante a crise que derrubou os planos presidenciais de Roseana Sarney? Esteve com Serra no sábado, em Pernambuco, na primeira viagem como candidato oficial do PSDB. O estadista de Serra Talhada já fala até em ter um ministério num eventual governo tucano.

A vida continua…

Outros “dissidentes”, como Orestes Quércia, Newton Cardoso e José Sarney, também já negociam sua acomodação na nova aliança.

PT conservador

De seu lado, o PT também tenta acalmar os mercados. No sábado, o partido promoverá um debate sobre seu programa econômico com banqueiros da Febraban e empresários da Fiesp. O partido promete defender o superávit fiscal e as metas de inflação.

Ato falho

Depois de dizer que o ministro Pedro Malan parece o técnico Felipão, Lula comparou a dificuldade na formalização da aliança com o PL ao drama de Romeu e Julieta. “Já declaramos amor profundo e estamos esperando que nossos pais decidam sim ou não.”

Premonição?

Na história imortalizada por Shakespeare, os dois jovens amantes de Verona, filhos de famílias inimigas, acabam mortos.

Assim falou…Armínio Fraga

“Qual é a real situação: a inflação vem caindo, a economia, apesar de toda essa ansiedade, vem crescendo, num ritmo modesto, mas vem crescendo. Os bancos estão sólidos, ninguém tem que se preocupar com isso.”

Do presidente do Banco Central, durante entrevista à TV Globo, em frase que foi interpretada pelo mercado como um aceno de queda dos juros.

Tudo é história

Comparar o absurdo muro que Israel pretende construir em torno da Cisjordânia com o Muro de Berlim é tentador, mas é errado. Este era, antes de tudo, um muro ideológico, emblema da dicotomia entre capitalismo e socialismo, entre Estados Unidos e União Soviética. Sobretudo, separava blocos cujo poder era mais ou menos equilibrado, ainda que a superioridade militar do Ocidente sempre tenha sido clara.

Além do mais, apenas isolava os setores ocidental e oriental na cidade de Berlim. Já a obra de Ariel Sharon é, antes de tudo, um muro de racismo. Representa bem a atitude de Israel em relação à idéia de formar um Estado palestino. Na prática, o Muro de Sharon representa a transformação da Cisjordânia num gigantesco gueto. Talvez o maior da história da humanidade. Certamente o mais vergonhoso.

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