De olho no futuro

Fórum de Desenvolvimento em Fortaleza debate futuro do Nordeste

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18 de julho de 2002, 12h04

Começa nesta quinta-feira (18/7), em Fortaleza, o mais importante Fórum sobre o futuro do Nordeste já promovido na Região. Participam representantes do Banco Mundial, União Européia, órgãos da ONU, ministros, governadores, acadêmicos e jornalistas.

O evento é promovido pelo Banco do Nordeste que, este mês, completa 50 anos de existência.

Durante dois dias, serão examinadas as Estratégias de Políticas para o Desenvolvimento de Regiões Retardatárias e as chances do Nordeste no contexto da Globalização.

O Fórum será promovido junto com o VII Encontro Regional de Economia. Na sexta-feira (19/7), o encerramento do evento será transmitido em vídeo-conferência para todas as capitais nordestinas e para o Estado de Minas Gerais. O local do evento será a sede do próprio Banco do Nordeste na Avenida Paranjana, 5.700.

A programação prevê três painéis e duas sessões especiais, sobre os temas: “Fundamentos da Política Fiscal para o Crescimento Sustentável”, “Inclusão Social no Nordeste do Brasil”, “A Inserção do Nordeste no Novo Regionalismo Mundial”, “As Instituições e o Desenvolvimento” e “Estratégias de Políticas para o Desenvolvimento de Regiões Retardatárias”.

No encerramento do Fórum, será entregue o Prêmio Banco do Nordeste de Economia Regional e o Prêmio Banco do Nordeste de Talento Universitário, promovidos com objetivo de estimular a realização de estudos sobre temas relevantes para o desenvolvimento da Região.

Concorrem ao Prêmio Banco do Nordeste de Economia Regional, na categoria profissional, 120 artigos inéditos que foram encaminhados para apresentação no VII Encontro Regional de Economia, e na categoria universitária dissertações de mestrado aprovadas há no máximo dois anos nos Centros de Pós-Graduação em Economia do País. As dissertações são encaminhadas ao Banco pelos próprios Centros de Pós-Graduação. O Prêmio contemplará os três primeiros colocados em cada categoria, distribuindo, no total, R$ 15,5 mil.

O Prêmio Banco do Nordeste de Talento Universitário foi instituído este ano com o objetivo de estimular a participação dos jovens na formulação de idéias inovadoras capazes de contribuir para aperfeiçoar as políticas voltadas para melhoria das condições de vida da população nordestina. Podem se inscrever candidatos que estejam concluindo o último ano de graduação ou tenham concluído em 2001 curso superior em qualquer Universidade pública ou privada do País, reconhecida pelo Ministério da Educação.

Em um dos eventos paralelos, seis jornalistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília participarão de uma Mesa Redonda junto a sete colegas do Nordeste para discutir as condições objetivas da Região para obter maior exposição em âmbito nacional e internacional.

O objetivo da Mesa Redonda é complementar as análises feitas nos painéis com economistas, administradores e técnicos. Ou seja: o que se espera é menos uma avaliação técnica no sentido sócio-econômico, do que captar a percepção de profissionais da imprensa sobre o Nordeste.

A questão se coloca como uma premissa no itinerário rumo à globalização, que pressupõe a visibilidade como instrumento de captação de investimentos.

Diferentemente dos painéis do Fórum, a Mesa Redonda não será realizada em plenário, sendo gravada para posterior publicação, como material de reflexão sobre o futuro do Nordeste.

Veja a programação:

Fórum Banco do Nordeste de Desenvolvimento

“Nordeste: Oportunidades e Desafios.”

5ª Feira – 18.07.2002

08h00 – Credenciamento

08h30 – Sessão Especial -Anpec

Política Fiscal para o Crescimento Sustentável

Francisco Ramos – Secretário Executivo da ANPEC

Fernando Holanda Barbosa – FGV-Rio

Ricardo Varsano – IPEA

Fernando Rezende – Ministério do Desenvolvimento

10h30 – Intervalo

10h45 – Sessões Simultâneas I

12h30 – Almoço

14h00 – Sessões Simultâneas II

15h45 – Intervalo

16h00 – Painel I

Inclusão Social no Nordeste do Brasil

Antônio Maria da Silveira – Universidade Federal de Uberlândia

Werner Baer – Univ. of Illinois

Roberto Cavalcanti – INAE

José Márcio Camargo – PUC-Rio

Sônia Rocha – FGV-Rio

6ª Feira – 19.07.2002

08h30 – Sessões Simultâneas III

10h00 – Mesa Redonda

Mídia: O Nordeste no Século XXI

Getúlio Bittencourt – Diretor de Redação do DCI

Xico Sá – Repórter Especial da Folha de S.Paulo

Lu Aiko Otta – Repórter da Agência Estado em Brasília

Ronald de Freitas – Subeditor de Brasil da Revista Época

Ricardo Amaral – Repórter Especial e Colunista do Valor Econômico

Ana Cristina Magalhães – Editora do site Consultor Jurídico

Fernando Castilhos – Colunista de Negócios do Jornal do Comércio


Magno Martins – Agência Nordeste

Fábio Soares Cardoso – Jornal da Paraíba – PB

José Rosemilton Silva – Jornal de Hoje RN

Ronaldo Soares – Empresas & Empresário – RN

Myrella Meg – Empresas & Empresários – RN

Antônio Roberto Rocha – Diário de Natal – RN

10h30 – Sessão Especial – Etene

A Inserção do Nordeste no Novo Regionalismo Mundial

Geoffrey Hewings – Univ. of Illinois

Flávio Ataliba – CAEN/UFC

Antônio Rocha Magalhães – Banco Mundial

Luciano Coutinho – UNICAMP

12h00 – Almoço

13h30 – Painel II

As Instituições e o Desenvolvimento

Osmundo Rebouças – Banco do Nordeste-Presidente de Mesa

Richard Locke – MIT

Fábio Erber – UFRJ

Paulo Henrique Amorim – TV Cultura

Everton Chaves – Banco do Nordeste

Hugo de Brito Machado – Advogado

15h00 – Painel III

Estratégias de Políticas para Regiões em Desenvolvimento

José Palmo-Andrés – União Européia

Judith Tendler – Massachusetts Institute of Technology-MIT

Carlos Roberto Azzoni – FIPE – USP

Gustavo Maia Gomes – IPEA

17h00

Entrega do Prêmio Banco do Nordeste de Economia Regional e de Talentos Universitários

Solenidade Comemorativa dos 50 Anos do Banco do Nordeste

DADOS SOBRE O BANCO DO NORDESTE:

O Banco do Nordeste, criado em 19 de julho de 1952, é o maior banco de desenvolvimento regional da América Latina e o principal instrumento do Governo Federal para o desenvolvimento da Região. Estruturado como sociedade de economia mista, vinculado ao Ministério da Fazenda, é responsável por quase 78% do financiamento da Região, atuando preponderantemente em operações de longo prazo em apoio aos setores produtivos.

Tendo como alvo o desenvolvimento sustentável da Região, o Banco do Nordeste extrapola a ação meramente bancária. Aporta crédito agregado à capacitação (técnica e gerencial) e presta serviços financeiros aos agentes produtivos da Região Nordeste, norte de Minas Gerais e norte do Espírito Santo, num total de 1.983 municípios, além de desempenhar uma série de outras ações diferenciadas que contribuem para a sustentabilidade dos empreendimentos regionais.

Dentre essas atividades destacam-se a realização de estudos e pesquisas e o apoio ao desenvolvimento tecnológico, com foco na aplicabilidade do conhecimento por parte do setor produtivo; a promoção de investimentos, atuando como elo entre os investidores e as oportunidades regionais; o fomento às exportações, favorecendo o ingresso de pequenas e médias empresas no mercado exportador; o estímulo ao cooperativismo e ao associativismo, como estratégia de inserção dos mini e pequenos produtores no processo produtivo; e o fortalecimento das cadeias produtivas, apoiando as vocações e potencialidades econômicas no âmbito dos estados e municípios.

Com ativo total de R$ 19,1 bilhões e aplicações de R$ 15,4 bilhões, em abril de 2002, a empresa apresenta uma relação aplicações/ativo total superior a 80%. Do total das aplicações, 94,2% são destinados ao crédito especializado (financiamentos de médio e longo prazo, próprios de banco de desenvolvimento).

Embora tenha apenas 174 agências, o Banco estende sua atuação a todos os pontos da Região, atuando por meio de agências itinerantes e dos agentes de desenvolvimento, que vão ao encontro dos clientes em pequenas cidades, distritos e povoados.

RESULTADOS

O Banco do Nordeste tem seu nome associado às grandes transformações ocorridas na Região, nos últimos 50 anos. Desde a elaboração dos primeiros diagnósticos sobre a economia regional, visando nortear a elaboração de políticas e programas governamentais, ainda na década de 50, às grandes obras de infra-estrutura urbana financiadas na década de 60 e ao processo de industrialização ocorrido na Região na década de 70, o Banco reúne grande elenco de realizações em prol do desenvolvimento regional.

Esse trabalho tornou-se mais intenso a partir de 1995, com o redirecionamento estratégico adotado pelo Banco para fazer face aos novos desafios impostos às instituições financeiras de modo geral, por conta da estabilidade da moeda, e em especial às instituições financeiras federais, diante do novo papel do setor público para atender às exigências da sociedade, que requer eficiência e resultados.

Assim, o Banco iniciou em 1995 amplo processo de mudança organizacional, de modo a focar suas ações nas necessidades dos agentes produtivos regionais e assegurar a auto-sustentabilidade. Desse modo, redesenhou todos os processos de trabalho, reestruturou as áreas e remanejou pessoal, viabilizando o surgimento de novas competências e a implementação de instrumentos inovadores de apoio ao desenvolvimento regional.

Essas mudanças permitiram ao Banco ampliar consideravelmente sua presença no processo de desenvolvimento regional. De 1995 a abril último, o Banco injetou cerca de R$ 17 bilhões na economia regional, contratando 2,6 milhões de financiamentos.


Destaca-se a prioridade aos pequenos e médios empreendedores, apoiados com financiamento adequado e programas de capacitação gerencial, visando prepará-los para atuar num cenário competitivo. Esses segmentos foram contemplados com 98,2% dos financiamentos contratados pelo Banco de 1995 para cá.

Evidência da maior democratização do crédito, o valor médio dos financiamentos do Banco reduziu-se de R$ 22,4 mil em 1994 para R$ 4,2 mil em abril último – média essa que se torna ainda menor (R$ 2,2 mil) se considerarmos as operações de microcrédito. Nos financiamentos do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste), a média caiu de R$ 112 mil em 1994 para R$ 11,4 mil em abril último.

De 1995 para cá, o número de clientes do Banco do Nordeste cresceu 30 vezes: de 46 mil para 1,4 milhão. O dado é expressivo, principalmente levando em conta a natureza desses clientes. Para o Banco do Nordeste, cliente não é o correntista, não é o tomador de cheque especial. Cliente é o empreendedor, aquele que desenvolve uma atividade que agrega valor, que produz um bem ou um serviço, que gera renda e empregos e contribui para o desenvolvimento da Região. Sua participação no financiamento bancário regional, que era de 34,5% em 1994, vem crescendo continuadamente, alcançando os atuais 77,9%.

Eleger como cliente-alvo os agentes produtivos de sua área de atuação – que se estende por todo o Nordeste, o norte de Minas e o norte do Espírito Santo, num total de 1.983 municípios – foi o ponto de partida para o revolucionário processo de mudança organizacional vivido pelo Banco do Nordeste, de 1995 para cá. O resultado pode ser visto através de vários indicadores que mostram sua consolidação como principal agente do Governo Federal para o desenvolvimento regional, afirmando-se como um mobilizador de condições para construir, em parceria, a competitividade de que a Região precisa para se inserir, com eqüidade, no mundo globalizado (ver gráficos).

Fornecendo crédito e promovendo a capacitação técnica e gerencial dos agentes produtivos regionais – clientes preferenciais -, o Banco constrói uma relação de estreita parceria com empreendimentos concebidos e administrados sob a ótica do empresariamento e da auto-sustentabilidade, que operem com visão de futuro, independente de porte ou valor de projeto financiado.

Do cliente do microcrédito, que atua na informalidade, a grupos investidores consolidados, quem produz, gera emprego e renda e recolhe impostos integra o universo de trabalho e o campo de interesse do Banco do Nordeste.

O Banco do Nordeste abandonou o antigo sistema de banco grande, burocrático e voltado para atender apenas alguns escolhidos. Em 1994, antes das mudanças, o Banco realizou 27 mil operações, emprestando R$ 615 milhões. No último ano, foram 513 mil financiamentos. Em termos de recursos, vem aplicando uma média anual de cerca de R$ 2,5 bilhões, já perfazendo de 1995 a abril/2002 quase R$ 17 bilhões.

As mudanças e os resultados apresentados pelo Banco do Nordeste vêm sendo amplamente apoiados pela sociedade e pelo próprio Governo Federal. Ao final do ano passado, o governo aprovou a capitalização do Banco em R$ 2,5 bilhões, de modo a cobrir provisões de antigos créditos inadimplentes. A capitalização se deu no âmbito do programa de fortalecimento das instituições financeiras, iniciado com os bancos privados, seguidos dos estaduais e, por último, dos federais.

Uma grande inovação realizada pelo Banco do Nordeste, dentro de sua opção de apoiar os pequenos, foi a criação do programa de microcrédito – o chamado CREDIAMIGO. Em apenas quatro anos, o programa que atende empreendedores do setor informal com um sistema de garantia para os empréstimos bastante inovador, já realizou 692 mil operações, aplicando no setor mais de R$ 516 milhões. Recebem esse tipo de empréstimo pessoas que de outra forma não teriam acesso ao sistema financeiro. O próprio Banco se encarrega de formar grupos solidários e uns avalizam os empréstimos dos outros, o que vem garantindo os baixos índices de inadimplência do programa. O Crediamigo do Banco do Nordeste é hoje o maior programa de microcrédito do Brasil e o segundo da América Latina, tanto em quantidade de operações quanto em volume de recursos investidos.

Um outro destaque na atuação recente do Banco e que vem provocando transformações no cenário local é o Farol do Desenvolvimento. Coordenado pelos Agentes de Desenvolvimento, o Farol do Desenvolvimento é, na realidade, um espaço de discussão dos problemas locais e viabilização das soluções. Desse fórum participam todas as lideranças do município, desde o prefeito ao padre, passando por empresários, cooperativas, organizações não governamentais, sindicatos, dentre outros. Em três anos, acontecendo a cada dois meses em todos os municípios da área de atuação do Banco, o Farol do Desenvolvimento já foi responsável pela geração de 79 mil compromissos (não incluído crédito) saídos dessas reuniões, dos quais 77 mil já se transformaram em ações concretas em prol do desenvolvimento dos municípios.

Destaque especial para a atividade de capacitação de clientes. Criado em fevereiro de 1998, o Programa de Capacitação proporcionou 2.217 mil oportunidades de capacitação para os agentes produtivos regionais, por meio de 55,1 mil eventos em atendimento às demandas identificadas em cada município. Os eventos contemplam capacitação em gestão empresarial, desenvolvimento regional, pecuária, agricultura, indústria, agroindústria, associativismo, meio ambiente turismo e serviços e capacitação para microempreendedores.

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