Sexta-feira, 30 de agosto.

Primeira Leitura: Patrícia Pillar é a estrela da estratégia de Ciro.

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30 de agosto de 2002, 9h13

Desconstrutivismo

A campanha de Ciro Gomes (Frente Trabalhista) decidiu reagir ao crescimento de José Serra tentando colar no tucano as mazelas do governo FHC. A linha da nova estratégia foi definida assim pelos ciristas: “Desconstruir o discurso de Serra”. Patrícia Pillar, que voltou à TV quinta-feira, vai ser a estrela dessa nova fase.

No PT também

Mais à frente, os ciristas vão partir para cima de Lula também. “Vamos mostrar as incoerências do PT, a aliança com o PL — que nem a senadora Heloísa Helena (PT-AL) suportou”, disse um assessor da campanha ao Primeira Leitura.

Riscos

Entre analistas, há a suspeita de que a população está mais interessada em propostas do que em frases de efeito que a atriz e mulher de Ciro, Patrícia Pillar, venha a dizer. Os tucanos afirmam que estão preparados para o contra-ataque.

Na ofensiva

Animado com as pesquisas, Serra continua na ofensiva. Quinta-feira, mostrou de novo a entrevista em que Ciro chama um eleitor de burro. Dessa vez, sem cortes. Ficou ainda pior para o candidato da Frente Trabalhista.

Ataque verbal

Em entrevista no Rio, o tucano manteve o tom de ataque. “O Ciro é especialista em falsear informações. Tem uma proposta enlouquecedora para a questão tributária. Ele tem um bom programa sabe do quê? De insultos”, completou.

Quer governar

Na liderança, Lula mantém a estratégia de se mostrar conciliador. Quinta-feira, disse que criará um conselho econômico para auxiliar sua gestão e que governará ouvindo a sociedade. “Faço alianças não só para ser eleito como também para governar o país”, afirmou.

Palpite

A consultoria britânica The Economist Intelligence Unit (EIU) afirma que a vitória de Serra é o resultado mais provável. Para ela, “os tradicionais pontos fracos” de Lula, como falta de experiência, vão prejudicá-lo. Ciro é qualificado de “impulsivo, incoerente e populista”.

Acaba logo

Segundo levantamento exclusivo do Primeira Leitura sobre pesquisas recentes em 24 Estados, em pelo menos 17 deles, a eleição para governador, se fosse hoje, acabaria no primeiro turno.

São Paulo

Dos três maiores eleitorados do país, apenas o de São Paulo assistiria a uma nova disputa: Paulo Maluf (PPB) contra Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo as últimas pesquisas, Rio e Minas conheceriam seus governantes já na primeira etapa.

Olha a dívida…

A dívida líquida do setor público atingiu R$ 819,37 bilhões em julho, ou 61,9% do PIB. Em junho, somava R$ 750,25 bi (57,9% do PIB). O dólar, que se valorizou 23% em julho, explica esse crescimento em apenas um mês.

Saída

Apesar de a dívida ser agora equivalente a mais de 60% de tudo o que se produz no país, o Banco Central acredita que sua trajetória não é explosiva. Pela previsão, no fim do ano, a relação estará em 59% do PIB. É uma relação ainda alta e impõe ao próximo governo o desafio de reduzir a vulnerabilidade do Brasil, com política industrial e esforço exportador. Menos vulnerável, o país poderá voltar a crescer.

Matemática

Mas se o país não crescer, ou seja, se o PIB não aumentar, e os juros continuarem altos, a matemática diz que trajetória da dívida não será declinante. Com juros altos, a dívida cresce. Para pagar os juros de sua dívida, o governo precisa gastar menos, o que ajuda o país crescer menos. E assim por diante.

Cenário externo

Quem ainda não percebeu o tamanho do problema para o ano que vem deve observar como patina a economia americana. No segundo trimestre, os EUA cresceram apenas 1,1%. Os lucros das empresas recuaram 1,7% em relação ao primeiro trimestre.

Europa também

O mau desempenho americano se reflete nas economias européias, que começam a apresentar sinais de fraqueza. Com EUA e Europa em desaceleração, a situação brasileira fica ainda mais difícil.

Assim falou…El País

“Ao que parece, os dois mudaram.”

Do principal diário espanhol sobre o candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP), agora aliados.

Ondas da história

À exceção de Lula, todos os candidatos já tiveram suas ondas nas pesquisas de intenção de votos. Garotinho foi o que subiu menos, chegou a no máximo 16% nos levantamentos da maioria dos institutos. Sua onda também durou pouco. Começou em março e quebrou cerca de um mês depois. Serra também teve a sua, entre meados de março, quando passou de 20% no Datafolha, e início de maio, quando caiu para 15%. Teve um novo repique em seguida, para logo cair outra vez.

Ciro começou a crescer em junho e atingiu picos de quase 30% em alguns institutos ali pelo começo de agosto. Agora, começou a apontar para baixo. Resta saber se a sua onda vai durar até o dia da eleição ou quebrar antes.

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