Confronto com PCC

Polícia não planejou um confronto armado com PCC em Sorocaba

Autor

13 de agosto de 2002, 16h06

Há meses acompanho, por intermédio da imprensa, as manifestações do sr. Hélio Bicudo, vice-prefeito da cidade de São Paulo, ora por entrevistas, ora por artigos, nos quais condena a Polícia de São Paulo no confronto com o PCC em Sorocaba, quando morreram 12 marginais.

Em suas palavras, que encontraram eco nos mesmos rábulas de ocasião, pude pinçar algumas pérolas usadas para descrever, de forma açodada, a atuação da Polícia. Os termos “emboscada”, “chacina”, “homicídio” e expressões como “fuzilá-los”, “nenhum policial ficou ferido ou foi morto”, além de ofensas generalizadas a todas instituições policiais do País, foram constantemente utilizados por ele.

Não, senhor vice-prefeito, não. A Polícia não quer matar. A Polícia não queria matar, mas teve e tem o dever jurídico de agir para reprimir o crime, assim como qualquer cidadão tem permissão legal para agir em legítima defesa, matando, se necessário, para não ser morto.

Como sabemos, o trabalho policial é único e essencial na sociedade, e a sociedade espera que o policial seja guardião da paz, da lei e da ordem, sendo sua missão proteger a vida, a propriedade e a liberdade, e, por isso, são lhe conferidos poderes, autoridade e prerrogativas que são usados em favor da própria sociedade.

A Polícia não foi criada para matar, e não se deve enaltecer quando isso acontece. No caso de Sorocaba, a Polícia Militar agiu e agiu bem. A Polícia não planejou um confronto armado, mas, muito profissionalmente, preparou-se para a eventualidade de ele ocorrer.

Não há qualquer interesse da Polícia em matar, mas se um bandido abre fogo em direção a um policial, ele assume o risco desse policial, mais bem treinado e preparado para o confronto, sair-se melhor. E é assim que o desejamos, ou não?

Absolutamente ilógica a premissa e conclusão de que em um confronto entre bandidos e policiais deve haver proporcional número de baixas em ambos os lados. Absolutamente não! Confrontos, senhor vice-prefeito, não se calculam matematicamente, e chega a ser risível senão preconceituosa questionar a não-morte de policiais.

Investe-se em treinamento e equipamentos exatamente para que, em um eventual confronto, as baixas, se necessárias, sejam somente do lado dos bandidos. Precisamente o que se busca é que o bandido tenha consciência de que confrontar a Polícia não é uma saída razoável.

Como seria bom se não houvesse bandidos, senhor vice-prefeito, mas não sendo essa situação possível, o que se busca na prática é, ao menos, que o bandido saiba que a repressão existe e funciona e que, no confronto com a Polícia, ele, bandido, sempre vai “levar a pior”.

A nossa polícia ainda não é a ideal, mas afirmo que, apesar de todos os problemas que nós sofremos há anos, jamais a Polícia esteve tão estimulada a trabalhar como agora, sob a corajosa batuta do novo secretário da segurança pública, Dr. Saulo de Castro Abreu Filho.

Sou testemunha da determinação, apoio, respeito e estímulo que têm resgatado a auto-estima dos policiais, em contraste com os anteriores ocupantes da pasta, atestando, como técnico em segurança pública e profissional de Polícia, que o trabalho que está sendo realizado é qualitativamente superior ao que vinha sendo realizado.

Não deixe, sr. vice-prefeito, que do alto de seus 79 anos de idade, rancorosos sentimentos pretéritos, cunhados pelo período de exceção, induzam V.Sa. a apregoar que toda repressão é fascista, indo na contra-mão dos modernos anseios da sociedade.

Não existe sociedade sem repressão, e é anseio de toda a sociedade que as ações marginais sejam neutralizadas. Não queremos policiais mortos e a Polícia não é orientada a matar bandidos, mas mata e morre, para preservar a vida em sociedade, na qual V.Sa. e seus familiares também se incluem. Ora, sr. vice-prefeito, não seja bicudo com a Polícia. Vamos trabalhar!

O senhor na administração do município, que foi tão abandonado por incompetentes do passado, e nós, profissionais da Polícia, naquilo que mais entendemos. Sermos policiais.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!