Sexta-feira, 26 de abril.

Primeira Leitura: dirigentes do PFL ensaiam apoio a Serra

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26 de abril de 2002, 12h50

Fim do teatro

O PFL encerrou na quinta-feira a formalidade da “consulta” às bancadas de deputados e senadores para definir o que fazer na eleição presidencial de outubro. A maioria dos parlamentares optou por não lançar candidato nem apoiar ninguém ao Planalto.

Mas os principais dirigentes do partido ensaiam, nos bastidores, outro script: a volta calculada à base governista e o apoio ao candidato de FHC, o tucano José Serra.

De volta

Aliados dos caciques pefelistas Jorge Bornhausen e Antonio Carlos Magalhães – dois dos principais críticos de Serra – já defendem abertamente o apoio ao candidato tucano.

O cenário da volta será armado na segunda-feira em uma reunião da cúpula do partido no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Marco Maciel, o principal articulador da estratégia.

Roteiro acertado

Nessa reunião, apresentada a proposta de não apoiar nenhum nome em outubro, o ex-ministro e senador José Jorge se levantará e proporá o apoio a Serra. Será acompanhado por Maciel, pelo governador Jaime Lerner (PR) e pelo vice-líder na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), da tropa de choque carlista.

Bornhausen, ACM e Roseana Sarney, que estarão presentes ao encontro, devem se calar.

Reconciliação

Serra também está se aproximando de outro ex-desafeto: Nizan Guanaes. O marqueteiro, que cuidou da imagem de Roseana Sarney, passou pelo menos uma hora na noite de quarta-feira dando conselhos a Serra num jantar em Brasília.

Chegou a apontar erros na campanha. Em sua opinião, falta comando e identificação com o governo.

Impossível

Lula (PT) disse na quinta-feira que “a classe média está sufocada” pelo Imposto de Renda e defendeu alíquotas mais justas, “numa escala que vá de 5% a 50%”. Hoje, a faixa mais alta de desconto do IR é de 27,5%.

O diabo dos detalhes

O PT defende a reforma tributária e diz mesmo que a proposta que já foi discutida no Congresso é um bom ponto de partida. Lula se perde nos detalhes, alinhando números que não se sustentam.

Frase de efeito

Lula ensaiou também uma regra para empréstimos dos bancos oficiais em um eventual governo petista: “Para cada real emprestado, um emprego gerado”. Nem banca de feira consegue essa relação, quanto mais um projeto industrial.

Assim falou…Nizan Guanaes

“O PFL é um partido muito melhor para negociar que o PMDB. Se o Serra insistir que pode fazer uma aliança de esquerda, ele vai perder.”

Do publicitário, que já fez campanhas para FHC e Roseana Sarney, em conselhos ao candidato tucano à Presidência.

Tudo é história

O diário britânico The Independent apresentou, em sua edição de ontem, novos indícios de que pode mesmo ter havido um massacre no campo de refugiados palestinos de Jenin, ao contrário do que afirma o gover’no de Israel.

Depois de cinco dias de investigações, quase metade dos 50 cadáveres resgatados dos escombros e identificados até agora é de civis desarmados. Entre os mortos estava um homem numa cadeira de rodas e uma enfermeira uniformizada.

Enquanto isso, o ministro do Exterior de Ariel Sharon, Shimon Peres, corre o mundo a negar o massacre. O premiê israelense já tinha ligado a biografia de modo indelével ao massacre dos campos de Sabra e Chatila, no Líbano, em 1982. Ao adicionar à sua folha a invasão de Jenin, Sharon sempre poderá apontar, ao seu lado, um prêmio Nobel da Paz – o chanceler Peres, que endossa, com sua presença no governo, a política truculenta do primeiro-ministro.

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