Despedida na Corte

Néri da Silveira recebe homenagens de colegas no STF

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24 de abril de 2002, 13h34

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Néri da Silveira, recebeu homenagens dos demais ministros da Segunda Turma quando encerrou a última sessão que presidiu antes de se aposentar formalmente, nesta quarta-feira (24/4), aos 70 anos de idade.

Em nome dos ministros Nélson Jobim, Maurício Corrêa e Carlos Velloso, o ministro Celso de Melo afirmou que o momento não seria apenas de despedida, apesar de pleno de reflexões e memórias, mas teria “o sentido mágico de eternizar a sua (do ministro Néri) poderosa presença no STF”.

Durante o discurso de homenagem, Celso de Melo ressaltou as qualidades do ministro que se aposenta. “Irrepreensível comportamento como magistrado e como homem, legando valores de independência e integridade moral entre tantos atributos”.

O subprocurador-geral da República, João Batista de Almeida, em nome do Ministério Público, ressaltou a retidão de caráter do ministro Néri que, ao se aposentar, “deixa além da amizade, um exemplo de amor à vida pública”.

Ex-presidente do STF, o ex-ministro Aldir Passarinho emocionou o ministro Néri da Silveira ao relembrar o caminho que percorreram juntos na vida pública e convidou-o para advogarem juntos após a aposentadoria.

Néri da Silveira disse que, até aquele momento, ainda não havia sentido o significado da despedida. Mas afirmou que viveu, nesses anos de magistratura, intensamente todos os momentos do seu ofício, “com a preocupação de servir a Nação”.

“Nunca me encantaram outros valores fora os do cumprimento do dever”, salientou o ministro, para acrescentar que sai do STF “levando paz no coração, que decorre da alegria de ter podido desempenhar essa função”.

O ministro disse ainda que volta agora para a intimidade de seu lar e para o Rio Grande do Sul, sua terra natal, mas isso não significa que vai parar de “viver a vocação de servir com o mesmo sentimento de amor no coração”.

Na sessão plenária de terça-feira, o ministro Sydney Sanches homenageou, em nome de todos os ministros do STF, o ministro Néri da Silveira. Apesar da despedida formal em plenário ocorrer somente nesta quarta-feira, o ministro Sydney Sanches disse que o ministro Néri da Silveira deixará marcado o nome na história do poder Judiciário pela imensa capacidade de trabalho e conhecimento.

O procurador-geral da União, Geraldo Brindeiro, também falou em nome dos integrantes do Ministério Público, ressaltando o extenso trabalho que o ministro prestou ao Judiciário durante tantos anos.

Ao agradecer a homenagem, o ministro Néri disse que exerceu a magistratura durante 35 anos “pedindo a Deus lucidez para conhecer a verdade e decidir segundo ela, na interpretação da lei, no respeito à Constituição e aos grandes objetivos do bem comum”.

Néri da Silveira acrescentou que, durante esses anos, conseguiu compreender, “no debate das idéias e nas conseqüências das decisões que, na essência do poder está o amor, na concepção mais profunda do termo, que é o serviço aos outros”. Emocionado, o ministro enfatizou que apesar de estar vivendo um momento de despedida da Corte, “o momento não é de adeus nem à causa pública nem aos interesses maiores da Justiça”.

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