17/4/2002

Primeira Leitura: BC deve manter nova taxa básica de juros

Autor

17 de abril de 2002, 9h30

</center

Sem consenso

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central vai anunciar nesta quarta-feira (17/4) a nova taxa básica de juros, que está em 18,5% ao ano. Na terça-feira, não havia consenso no mercado sobre qual seria a nova taxa – o dólar fechou com ligeira alta (0,04%), a taxa de risco caiu 1,74% e a Bolsa subiu 1,12%.

Sem folga

Primeira Leitura acredita que a taxa deve ser mantida. A folga que, no passado, permitiria ao BC ter sido muito mais agressivo do que foi no corte dos juros, já não é mais tão visível. Entre outros motivos, pelo comportamento da balança comercial que, a despeito do superávit, não é tranqüilizador.

Desacertos

O preço do petróleo no mercado internacional oscila em um patamar mais elevado do que se supunha; a inflação brasileira está aí para demonstrar o desacerto da meta acordada com o FMI; e, por fim, o desespero eleitoral do PFL tirou a margem existente na política fiscal do governo.

Meta ampliada

Enfim, o cenário deixou de ser tão favorável. Mesmo a mudança de enfoque promovida pelo Banco Central – que, corretamente, abandonou a idéia de perseguir o centro da meta inflacionária – acabou sendo engolida.

Emergentes

Não por acaso, ao lado de grosseiras bobagens, como o suposto retorno do que nunca existiu – o chamado risco eleitoral -, o relatório semestral da agência Fitch aponta que Brasil, Turquia e Líbano serão os emergentes mais afetados pela combinação da recuperação da economia dos EUA, da elevação dos preços do petróleo e da perspectiva de alta dos juros no mercado global.

O que ele diz

A revista Primeira Leitura pretendia publicar em maio uma entrevista com Ciro Gomes, pré-candidato do PPS – e de quem mais chegar – ao Planalto. Ele mandou um recado: não falará à revista porque não a considera “de confiança”.

Para os leitores

Ciro tem razão. Primeira Leitura – revista, site e esta coluna – não é mesmo da confiança do candidato. Nem da de Lula, Serra ou Garotinho. É da confiança dos leitores. Tanto é que, no mês de março, o site teve nada menos de 39.191 visitantes. Até terça-feira, passava de 22 mil o número de visitantes de Primeira Leitura em abril.

Assim falou…um funcionário do Pentágono

“Nós enviamos sinais sutis de que não gostamos desse cara.”

Do jornal The New York Times, que publicou reportagem sobre o envolvimento do governo americano no golpe militar que tentou derrubar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Segundo o Times, autoridades do governo Bush se encontraram diversas vezes nos últimos meses com os militares golpistas.

Tudo é história

As reportagens dando conta do envolvimento dos Estados Unidos na tentativa de derrubada de Hugo Chávez na Venezuela não chega a surpreender, dada a qualidade dos ocupantes de postos-chaves da administração republicana encarregados da América Latina. O governo de George W. Bush virou um grande centro de reabilitação para funcionários envolvidos no escândalo da era Reagan que ficou conhecido como Irã-Contras – uma tentativa da Casa Branca de trocar armas por reféns americanos do regime dos aiatolás.

O esquema servia para financiar as milícias que tentavam derrubar o regime sandinista na Nicarágua. O novo secretário-assistente de Estado para a América Latina, Otto Reich, participou de atividades secretas proibidas no caso Irã-Contras. O almirante da reserva John Poindexter, hoje servindo no Pentágono, foi assessor de Reagan e sabia que lucros da venda ilegal de armas eram desviados para os Contras.

Elliot Abrams, secretário-assistente de Estado para a América Latina nos anos Reagan, supervisionou a política para os contras e minimizou relatórios sobre massacres militares na região. Hoje trabalha para o Conselho de Segurança Nacional, cuidando de temas relativos a direitos humanos e democracia…

Revista Consultor Jurídico, 17 de abril de 2002.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!