Ciro ou Garotinho

Roseana desiste e PFL não deve apoiar José Serra

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14 de abril de 2002, 11h09

Com a desistência de Roseana Sarney, anunciada na tarde deste sábado (13/4), o PFL discute se apoiará a candidatura de Ciro Gomes (PPS) ou a de Anthony Garotinho (PSB), na corrida presidencial. Segundo o ex-ministro Roberto Brant, está descartado o apoio à candidatura do PSDB.

Ao anunciar que não disputará a Presidência, Roseana chamou a imprensa em São Luís do Maranhão para ler um comunicado em que disse ter sido vítima de uma “operação de guerra, visando o aniquilamento” de sua candidatura. Segundo Roseana, em vez do debate de idéias e propostas para o Brasil, sua pré-candidatura foi marcada por uma “operação criminosa”, “um verdadeiro massacre”.

“Esta operação envolveu escutas telefônicas, elaboração de dossiês apócrifos, transgressão do sigilo de procedimentos judiciais, inclusive com descumprimento de ordem do Poder Judiciário, perseguição política, manipulação da máquina pública e engajamento de uma parte da mídia para realizar um verdadeiro massacre em escala nacional, substituindo fatos por boatos, evidências por insinuações e opiniões por calúnias”, declarou ela.

Roseana acrescentou que “a operação criminosa” de que foi vítima atingiu a lisura do pleito, tendo como objetivo beneficiar a “candidatura oficial”. “As investidas constantes e os ataques que beiram a crueldade minaram a minha resistência pessoal. Eu, que já enfrentei e resisti a tantas adversidades, agora cheguei ao limite das minhas forças. Abro mão da minha pré-candidatura”, declarou a pefelista, que deixou o governo maranhense no dia 5 para disputar a eleição de outubro e, desde então, descansava na casa de sua família, na praia do Calhau.

No comunicado, ela também elogiou o PFL, por ter sugerido o seu nome para disputar a presidência e agradeceu o apoio das mulheres. Do governo e do Judiciário, ela pediu mais imparcialidade. “É bom frisar que toda essa operação criminosa foi deflagrada e se desenvolveu sob o olhar omisso ou acumpliciado de elevadas autoridades da República, que se colocaram a serviço da candidatura oficial, agredindo de forma inédita nos últimos tempos a lisura e a legitimidade do processo eleitoral”, protestou.

A ex-governadora, que agora deve concorrer a uma vaga no Senado, sai da disputa pela presidência mergulhada em acusações, responsáveis por sua queda nas pesquisas eleitorais. A principal delas diz respeito à Lunus, empresa na qual é sócia do marido, Jorge Murad. Sua candidatura começou a perder força desde que a Polícia Federal encontrou 1,34 milhão de reais em dinheiro nas gavetas da empresa. A situação de Roseana complicou-se ainda mais nesta quinta-feira, quando a Justiça de Tocantins encontrou documentos que provariam a ligação da Lunus com os dois projetos suspeitos de desvios de verbas da Sudam.

Nesta sexta, após uma reunião da executiva do PFL, a cúpula do partido decidiu entregar a Roseana a decisão de manter ou não sua candidatura à presidência. Para não dar a impressão de que ela desistiu porque foi pressionada, os líderes do PFL manifestaram publicamente sua disposição em apoiá-la até o fim. Mas Roseana já tinha em mãos um relatório da coordenação de sua campanha que indicava queda nas intenções de voto do eleitorado e baixa aceitação de seus últimos programas na televisão.

Segundo pesquisa do Datafolha, quem se beneficia com a saída de Roseana Sarney da disputa pela presidência são os candidatos do PSDB, José Serra, e do PPS, Ciro Gomes. No cenário hipotético proposto pelo instituto de pesquisas, sem a presença de Roseana e com Lula (PT), Serra (PSDB), Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) candidatos, Serra e Ciro Gomes sobem três pontos percentuais cada um.

A saída Roseana deixa espaço para a ação de várias correntes dentro do PFL. Uma delas defende que o partido não deve lançar candidato à Presidência para ter liberdade nas coligações estaduais. Outra, defendida pelo ex-senador Antônio Carlos Magalhães (BA), quer uma aliança com Ciro Gomes (PPS).

Na reunião em São Paulo, a cúpula do PFL mostrou-se disposta a conter a migração de seus parlamentares para a candidatura do PSDB descartando qualquer possibilidade de apoio a José Serra. Mesmo que, para isso, fizesse um aceno a Anthony Garotinho (PSB). “Há duas possibilidades que não existem: não termos ninguém para apoiar ou apoiarmos Serra”, declarou o ex-ministro Roberto Brant. “Ou vamos de Ciro, ou de Garotinho”, avisou.

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