13.4.2002

Primeira Leitura: PFL procura substituto para Roseana.

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13 de abril de 2002, 1h55

A retirada de Laguna

Apesar de algumas declarações oficiais aqui e ali sobre a manutenção da candidatura à Presidência da ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, deputados e senadores do PFL não escondem que o partido já vive uma fase pós-Roseana e que seu nome só será mantido “até se decidir a melhor opção eleitoral”.

Nos bastidores

A negociação mais séria para definir o futuro eleitoral do PFL sem a candidatura Roseana aponta para uma aliança, formal ou informal, com o candidato Ciro Gomes, do PPS. Parte dos pefelistas não quer uma aliança nacional, isto é, prefere que o PPS seja apenas um aliado preferencial nas coligações regionais.

Duplo benefício

Ciro Gomes, mesmo com a oposição aberta do senador Roberto Freire (PPS-PE), presidente do partido, quer uma aliança nacional por dois motivos: comprometeria os pefelistas com o apoio a um futuro governo, se vencesse a eleição, e teria, na campanha eleitoral, um tempo de rádio e TV igual ou maior do que o da aliança PSDB-PMDB – cerca de 14 minutos.

Preferências do mercado

O mercado não gosta de golpes; gosta é de estabilidade. No caso da Venezuela, Chávez era um golpista que chegou ao poder pelas urnas. Democraticamente eleito, era um fator de instabilidade. Não surpreende, pois, que o preço do petróleo tenha caído depois do golpe militar que encerrou a tal “revolução bolivariana”.

Diferenças

Tem gente fazendo comparações entre a Argentina e a Venezuela por causa das turbulências políticas dos últimos tempos. Calma lá! A Argentina está sem futuro político em virtude da sinuca econômica – e qualquer golpista lá não saberia o que fazer no momento seguinte, à semelhança do governo Duhalde.

Outro patamar

A Venezuela tem saída econômica, e não faltam candidatos a gerenciar a crise. Aliás, o risco venezuelano é inferior ao do Brasil, segundo os parâmetros dos mercados financeiros.

Para bom entendedor…

A queda de Chávez abre perspectivas, segundo analistas, de um governo pró-mercado na Venezuela, ao mesmo tempo em que afasta o temor de avanço de regimes populistas na América Latina. No Brasil, o risco de “chavização” não vem, é claro, nem de Lula nem de Serra…

Lógica

A direita israelense repete a ladainha de que Yasser Arafat – confinado em Ramallah – não impede os atentados terroristas contra Israel. Ora, é claro que se o líder palestino pudesse impedir o atentado suicida de ontem, quando Colin Powell estava em Jerusalém, teria feito. Afinal, interessa a Arafat se reunir com o secretário de Estado americano, contra a vontade de Sharon.

Assim falou. José Serra

“Lula é bem melhor que o Chávez, pela história.(…) É o meu concorrente, mas não tenho dificuldade nenhuma em dizer que é um democrata.”

Do presidenciável tucano, em reunião com pecuaristas em Uberaba (MG).

Estava escrito

Em fevereiro deste ano, Primeira Leitura apontou a tendência de polarização de eleição presidencial entre os candidatos do PT e do PSDB. Afirmava, então, que Lula e Serra, apesar das diferenças, assustavam igualmente os conservadores, que tentavam se agarrar a Roseana Sarney como tinham feito com Fernando Collor, em 1989. Hoje, essa polarização está cada vez mais explícita. As declarações de Serra em Uberaba, dissociando a imagem de Lula da de Chávez e condenando o populismo – numa referência indireta ao candidato do PSB ao Planalto, Anthony Garotinho -, tornam ainda mais explícita essa polarização.

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