3/4/2002

Primeira Leitura: mercado aposta em vitória governista na eleição

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3 de abril de 2002, 9h14

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Legião estrangeira

A aposta do mercado na vitória governista na eleição presidencial fica mais evidente: aumentou o número de consultas de estrangeiros interessados em investir no país. O Banco Central acredita que a entrada de recursos pode ser bem maior do que o projetado até agora pelo governo – US$ 18 bilhões este ano.

Paradoxo

A boa notícia preocupa o BC. Explica-se: a entrada forte de recursos pode consolidar a tendência de queda da cotação do dólar, a ponto de atrapalhar o desempenho da balança comercial – os produtos brasileiros ficariam menos competitivos. A projeção de saldo comercial de US$ 5 bilhões até dezembro, afinal, levava em conta uma cotação do dólar de US$ 2,35. Na terça-feira, a cotação caiu 0,3%, para R$ 2,29.

Armadilha

Isso facilitaria a queda de juros no país, mas, de novo, a balança comercial aparece como problema, pois o crédito mais barato apressaria a recuperação da economia e, em conseqüência, incentivaria as importações. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a queda de 20,2% nas importações do primeiro bimestre deste ano foi o que sustentou o superávit da balança no período.

Compensação

A vantagem da queda do dólar seria compensar a alta dos preços internacionais do petróleo. A Petrobras já pensa em reajustar, de novo, a gasolina. Segundo o BBV Banco, o petróleo cotado a US$ 27 o barril é suficiente para que haja estouro na meta de inflação, que ficaria em 5,6% no ano. O BC projetava 4,4%.

Candidatos

O PMDB nacional, que anunciaria o convite feito por Serra e a decisão de apoiá-lo na eleição presidencial, adiou por 24 horas a reunião em função da desistência de Jarbas Vasconcelos, convidado para ser o vice do tucano. O partido tenta agora encontrar um novo nome e conciliar as várias tendências internas.

Bombardeio

O grupo que defende a candidatura própria e os que propugnam que o partido opte pela solução “camarão” – sem apoiar ninguém – querem aproveitar a chance para enfraquecer a aliança com os tucanos.

Sem saída

Enquanto os países árabes exortavam a comunidade internacional a pressionar Israel para que seja suspensa a operação militar contra os palestinos, o chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana, sugeriu que o premiê Ariel Sharon e o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, renunciem para dar espaço a novos líderes.

Palavras ao vento

A sugestão de Solana é uma típica declaração de quem não tem o que dizer. Diplomata experiente, sabe que é uma solução politicamente inviável. Retórica desse naipe não é substituto para atitudes firmes em defesa de posições na arena internacional.

Assim falou.Colin Powell

“Mandá-lo para o exílio vai apenas dar-lhe outro lugar para que conduza as mesmas atividades e envie as mesmas mensagens que está mandando”.

Do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, ao discordar da sugestão de Ariel Sharon, segundo a qual os diplomatas europeus preocupados com a segurança do líder palestino Yasser Arafat poderiam retirá-lo de helicóptero do quartel-general em Ramallah, na Cisjordânia. Com um “bilhete só de ida”, disse o premiê israelense…

Ironias da história

É um caso espantoso de regressão: mergulhados na mais grave crise econômica de sua história, os argentinos voltam no tempo e sonham com as Malvinas. Em cerimônia comemorativa dos 20 anos do fim da guerra pela posse do arquipélago, o presidente Eduardo Duhalde defendeu que o Reino Unido o devolva à Argentina, deixando claro que isso deve ser feito pela via diplomática.

“As ilhas Malvinas são mais nossas do que nunca, as lágrimas e o sangue de nossos heróis regaram seu solo”, disse o presidente. “Vamos recuperar as Malvinas, colocando o país novamente de pé.” Quando a Argentina tentou recuperar a posse das ilhas, em 1982, a ditadura governava. Naquela época, o país também enfrentava grave crise financeira.

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