'Casa dos artistas'

Globo vai processar SBT por causa de 'Casa dos artistas'

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30 de outubro de 2001, 17h13

A Rede Globo vai processar o SBT por plágio do programa “Big Brother”. O programa acionado é ‘Casa dos artistas’, que estreou no último domingo. A Globo afirma comprou os direitos do programa e a produção está prevista para 2002.

No programa do SBT, 12 artistas devem ficar em uma casa em São Paulo sem televisão, telefone e Internet. Os artistas serão filmados a todo instante por câmaras espalhadas pela casa toda. A produção custou R$ 5 milhões ao SBT.

Entre os concorrentes estão Alexandre Frota, os cantores Supla e Leandro Lehart e a cantora Patrícia Coelho. O prêmio para o vencedor é R$ 300 mil. Mas as regras do jogo somente serão explicadas no próximo domingo.

Em resposta a Globo, o SBT divulgou nota irônica sobre as sucessivas derrotas dominicais de audiência para a emissora. Também fez referência à divulgação do seqüestro de Patrícia Abravanel pela Globo.

Veja as notas divulgadas pelas emissoras

Globo

‘Um país que não respeita o direito intelectual jamais será desenvolvido.

A indústria brasileira de entretenimento só pode crescer se for baseada no respeito à lei e em princípios morais.

Freqüentemente nossas imagens são usadas sem autorização – desrespeitando e deixando de remunerar o trabalho de artistas e técnicos.

Mais uma vez somos vítimas de pirataria: o SBT lança um programa que não passa de um plágio sensacionalista do ‘Big Brother’, atração consagrada mundialmente, cujos direitos foram por nós adquiridos em agosto, como é de conhecimento geral.

Nossa indignação é ainda maior, porque no momento em que a sociedade brasileira anseia por ética, esse tipo de comportamento é um exemplo de descaso com um dos valores mais elementares – o de que o direito de um acaba quando começa o do outro.

Não nos resta outra saída a não ser recorrer de novo à Justiça, que, vale dizer, acaba de nos dar ganho de causa em mais uma ação contra a mesma emissora, que foi multada e impedida de levar ao ar um plágio do nosso programa Gente Inocente.

Central Globo de Comunicação

Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2001.

SBT

A Industria brasileira do entretenimento só pode crescer se a TV Globo deixar.

Rede Globo comemora primeira derrota do Fantástico ameaçando processar o SBT por plágio de programa não exibido.

Não satisfeito em derrotar o índice de audiência da TV Globo durante todo o domingo , o SBT cometeu a leviandade de, pela primeira vez, derrotar o Fantástico, sem pedir as desculpas devidas a este pilar de moralidade e correção que é a TV Globo. Na verdade o SBT, no domingo, só perdeu para o Corinthians, um dos contratados da Globo que não vinha correspondendo às expectativas no campo, mas que jogou um bolão no domingo.

Ainda por cima, no sábado, batalhando contra a novela do SBT, o Jornal Nacional atingiu um novo marco na sua rota descendente, atingindo os 31%, uma nova experiência. Isso para não falarmos de Xuxa, Faustão e outras gentes inocentes, todas pessoas de nossa estima e respeito, mas que são rotineiramente derrotados nas

tardes de domingo.

Por tudo isso, é justo que a Globo nos processe, ainda que seja por plágio de um programa que não está sequer produzido. Será plágio por adivinhação, por premonição.

Tem razão a Globo de se dizer vítima do SBT e de suas práticas ilegais. Afinal, por causa da acirrada, imoral e ilegal perseguição de que é vitima, a TV Globo ficou reduzida a apenas uma Rede Nacional de Televisão, uma Rede Nacional de Rádio, uma meia dúzia de jornais com que ainda não conseguiu eliminar a concorrência, inclusive um novo jornal em São Paulo que, como sabemos, não dispunha de um jornal com os elevados princípios éticos e morais do atual Diário de São Paulo.

Para não falarmos das empresas e empresários que lhe são afiliados, cada qual menos poderoso do que o outro, não tendo, em regra mais do que o jornal líder em cada Estado.

Tanto é assim que só possuem uma única empresa de Televisão por Satélite, distribuindo meros 60 canais, e umas poucas televisões por cabo com outro tanto de canais. Também na área editorial, a Globo não conseguiu ultrapassar umas duas dúzias de títulos nem conseguiu, até hoje, eliminar as demais gravadoras de discos com seu som livre. Vamos abreviar: tal é a perseguição que lhe é movida pelo insaciável SBT que a Globo ficou com a exclusividade apenas de todo o futebol brasileiro e das próximas duas Copas do Mundo.

E tudo isso sem veículos que lhe acolha os anúncios, sem recursos para um marketing agressivo, obrigando-os a enormes prejuízos oferecendo brindes para quem lhes assine os veículos, modestos é verdade, apenas aparelhos de televisão ou passagens de avião para qualquer ponto do Brasil.

Tem razão a Globo, ao afirmar em sua nota, que “a indústria brasileira de entretenimento só pode crescer se for baseada (sic) no respeito à lei e em princípios morais” que “a sociedade anseia por ética”. É verdade. Como sabemos, é altamente moral e ético pagar as multas e assumir os processos judiciais de autores sob contrato, para que o SBT não possa contar com um único escritor; é extremamente ético comprar eventos para não exibi-los; aliciar contratados apenas para desorganizar os concorrentes ; como sabemos, é extremamente ético vender jornais à custa da desgraça de pais desesperados e de filhas seqüestradas. Tudo isto é altamente elogiável , é exemplar.

O SBT, enquanto a Globo não for o único veículo, o único empregador, não for o único Poder, o Big Brother que anseia ser, dona da televisão que nos vigiará, até este dia, o SBT continuará trabalhando e derrotando, sem luxo e com modéstia, derrotando o Poder, a Riqueza e a Prepotência, hoje disfarçados em moralistas.

São Paulo, 30 de outubro de 2001

Diretoria SBT

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