Globo e Record trocam acusações de tráfico de influência

O clima esquentou, nesta quinta-feira (4/10), durante o 1º Encontro Internacional de TV no Rio de Janeiro. O âncora do Jornal da Record, Boris Casoy, teve uma quente discussão com o diretor de jornalismo da TV Globo/SP, Amauri Soares.

Logo na abertura do encontro, que era assistido por uma platéia de estudantes de comunicação e empresários, os dois jornalistas protagonizaram mais que um debate de idéias. O tema “Telejornalismo e Formação de Opinião”, era abordado por Amauri Soares com a afirmação de que só tem cobertura independente a emissora cuja fonte de renda venha exclusivamente de anunciantes. “A Globo é a única que sobrevive exclusivamente de intervalos comerciais”, disse.

Casoy, que ouvia atentamente pediu a palavra e, ao fim de sua palestra, alfinetou, educadamente: “Gostaria de lembrar que minha emissora vive também de anunciantes, tem lá suas ligações com a igreja Universal, do mesmo jeito que a Globo tem com bancos e fundações.”

Daí para frente a seqüência foi de acusações. Soares esperou, pelo final da palavra do apresentador do Jornal da Record. Quando Casoy terminou de falar, pediu o microfone e disse: “Quero lembrar que há processos contra a Record que investigam o uso de dinheiro da igreja na compra de emissoras.”

Casoy: “E como a Globo comprou tanta coisa e construiu seu império? Há vários processos contra a emissora por motivos similares.”

Soares: “A Globo não tem dinheiro que vem de sacolinha de igreja.”

Casoy: “Mas vem de outras sacolinhas.”

O mediador do debate e representante das Organizações Globo, Sidney Resende, tentou contornar a situação, sob aplausos de um público favorável a Casoy. Até que o jornalista Eugênio Bucci comentarista da mesa, interveio. “Essa discussão não é para rir”, lembrou à platéia. “O que foi dito aqui é muito sério: que há informações sobre os tráficos de influência que envolvem a TV, denunciado nesta mesa tanto por Record quanto Globo.”

Sônia Apolinário, da Agência Estado