Estratégias de ajustamento

Empresas querem se livrar de multas milionárias

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16 de março de 2001, 0h00

Multas e perdas milionárias com ações trabalhistas, até mesmo superior a R$ 70 milhões, sem contar as constantes dores de cabeça geradas por falhas involuntárias, desconhecimento da legislação, perdas de prazo e erros de cálculos, bem como as crescentes pressões exercidas tanto pela Receita Federal como pelos governos federal, estadual e municipal na fiscalização estão empurrando um grande número de empresas a buscarem novas estratégias para melhor ajustar algumas de suas áreas vitais, como a contabilidade, impostos e gestão dos recursos humanos, por exemplo, para evitar que pequenos enganos ou omissões possam causar problemas mais graves no futuro.

Centenas de empresas, incluindo-se as de pequeno e médio portes, têm optado por deixar nas mãos de especialistas a gestão de todas suas obrigações contábeis, fiscais e trabalhistas para se livrarem da preocupação e manterem uma estrutura adequada aos olhos do mercado.

“As empresas estão se convencendo da necessidade de ter em ordem a sua situação contábil e elas perceberam que a melhor maneira para ordenar suas contas é terceirizar a contabilidade e deixar que grupos especializados cuidem de toda a burocracia”, afirma Lyo Marques Júnior, presidente da Controle Soluções Empresariais, dona de uma das maiores operações de “outsourcing”do País.

De acordo com Marques, qualquer descuido pode comprometer meses de faturamento da empresa caso sofra multas governamentais por descumprir alguma obrigação legal ou fornecimento de dados para o Fisco que não batem com os originais da empresa.

“A persistência no erro, mesmo que involuntariamente, não passará despercebida e poderá causar até mesmo uma suspeita de sonegação aos olhos do governo”, adverte o executivo. São inúmeros os casos de empresas que decidem procurar especialistas assustadas com o peso das multas aplicadas pela Receita devido à detecção de erros, acrescenta. O mesmo se aplica no caso das ações trabalhistas. Há casos já noticiados pela imprensa em que somente uma montadora está sendo acinmada na justiça trabalhista em valores superiores a R$ 70 milhões.

Para acabar com esse risco, a Controle criou diversas formas de terceirização. Os serviços de contabilidade são executados por seus “controlers” diretamente na casa dos clientes, em tempo integral (“controlers full-time”), parcial (“controlers part-time”) ou de forma tradicional, nas dependências da Controle.

Eles são os profissionais responsáveis pelo levantamento de dados e informações mais importantes da empresa, como por exemplo as contas a pagar/receber, impostos diretos e indiretos, folhas de pagamento entre outros e, a partir da conciliação e a análise desses dados, cuidam da integração de todas as áreas estratégicas da empresa, partindo da contabilidade.

“A falta de integração da contabilidade com a parte fiscal, o controle de estoques e os recursos humanos de uma empresa é a maior responsável pela geração de informações erradas que podem causar altos prejuízos na gestão da companhia”, afirma Lyo Marques. A opção por um ou outro tipo de terceirização abre também a possibilidade à empresa de manter ou não uma estrutura flexível, podendo pagar menos ao profissional que permanece em tempo parcial, de acordo com as necessidades internas, por exemplo.

Segundo o executivo, a grande vantagem de se optar pela terceirização da contabilidade, além da tranqüilidade dos dirigentes de estarem optando pela garantia de uma empresa bem estruturada e com custos mais baixos, é que, de quebra, eles ainda ganham todas as ferramentas e informações gerenciais precisas para tomarem decisões de negócios.

Além disso, delegar tarefas ligadas a áreas estratégicas é mais prático e menos oneroso do que montar departamentos próprios, seja para processar a folha de pagamentos, calcular os inúmeros impostos federais, estaduais e municipais, ou promover os lançamentos contábeis e gerir as finanças. Sem contar que a perda de prazos ou qualquer descuido legal podem significar enormes prejuízos, lembra o presidente da Controle.

Perfil

A empresa Controle atua no mercado brasileiro há mais de 30 anos. Ao longo desse tempo já prestou serviços para mais de 2500 empresas, sendo 90% delas de capital estrangeiro e registra, atualmente, um crescimento anual em torno de 45%. Possui cerca de 200 profissionais especializados em terceirização nas áreas contábil, fiscal, tesouraria, contas a pagar e a receber, controle patrimonial e estoques, gestão e consultoria empresarial.

Com uma carteira atual que soma mais de 300 clientes, uma de suas principais áreas de atuação é a instalação e constituição de empresas estrangeiras no Brasil, atuando como “berçário” de multinacionais. Devido ao seu grande conhecimento do mercado brasileiro, a Controle consegue, em poucas semanas, fazer uma empresa internacional funcionar no Brasil, cuidando de todos os aspectos relacionados com a abertura da empresa (registros nos órgãos competentes – estaduais, municipais e federais -, conta em banco, câmbio, revisão de contratos, aluguel de imóvel, registros de funcionários, sistemas de informática, telefonia, logística etc).

A Controle vem colhendo os frutos da tendência mundial de terceirização, obtendo crescimento superior a 30% ao ano, informa o presidente da Controle, Lyo Marques Júnior. Em muitos casos, terceirizar é a solução adotada pela empresa enquanto procura montar departamentos próprios em algumas áreas ou não atinge o volume de negócios compatível. Para outras, porém, é uma opção definitiva, por razões de custos e maior eficácia.

Parcerias internacionais

A Controle – Soluções Empresariais, além de ser uma das representantes no Brasil da SC International, “guarda-chuva” internacional de escritórios independentes dos conglomerados, com sede em Londres e que reúne 110 firmas com mais de 200 escritórios espalhados em 50 países, com faturamento global de US$ 350 milhões – organizada com o propósito de prover serviços internacionais aos clientes -, tem ainda um acordo internacional com uma das maiores organizações prestadoras de serviços profissionais de contabilidade e assessoria empresarial da Espanha, a CEA.

Em 1999, a CEA fechou acordo com a Controle para iniciar sua expansão também no mercado latino-americano de assessoria empresarial. O principal objetivo é ampliar seu poder na prestação de suporte técnico para as novas empresas internacionais, principalmente espanholas, argentinas e mexicanas, com negócios no Brasil ou na América Latina. Ambas fazem parte ainda de uma nova organização, a Associação Latino-Americana de Auditoria.

Os contratos de cooperação, firmados pelos sócios da Associação Latino-Americana de Auditores, prevêem assistência conjunta aos clientes internacionais pertencentes ao bloco latino-americano. ” Estamos colhendo os frutos destas parcerias estratégicas. Afinal, uma de nossas principais especializações é oferecer total assessoria na implantação de empresas estrangeiras no Brasil, envolvendo aspectos tributários, societários e operacionais”, destaca o vice-presidente da Controle.

Revista Consultor Jurídico, 16 de março de 2001.

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