Escândalo no setor de telefonia faz Globo demitir Ricardo Boechat
25 de junho de 2001, 0h00
O jornalista Ricardo Boechat, que assinava a coluna mais lida do jornal O Globo, foi demitido neste domingo, depois que a revista Veja revelou bastidores da guerra entre o grupo canadense TIW e o presidente do Banco Opportunity, Daniel Dantas, pelo controle de duas empresas de telefonia celular, a Telemig Celular e a Tele Norte Celular. Nesta segunda-feira, o jornal carioca não explica a saída de Boechat, mas informa que a coluna Swann volta a ser publicada. O jornalista também foi afastado do Bom Dia Brasil, da Rede Globo.
A reportagem da Veja desta semana divulga uma série de conversas telefônicas. Entre elas há uma entre Boechat e Paulo Marinho, assessor de Nelson Tanure, aliado da TIW e acionista majoritário do Jornal do Brasil. Em um telefonema de 15 de abril, o jornalista conta a Marinho o teor do texto que seria publicado no dia seguinte sobre a disputa no setor de telefonia e explica detalhes dos procedimentos internos do jornal.
Pela conversa, fica claro que a direção de O Globo não sabia sobre o grau de ligação do jornalista com Tanure nem sobre o fato de que a reportagem havia sido discutida com Marinho. Não há menção a favor, pagamento ou outras práticas irregulares de compensação. Dez dias depois da publicação, o texto foi usado como peça de processo na ação judicial dos fundos de pensão contra o Opportunity.
Instrução – Outro diálogo, não reproduzido pela revista, mostra Boechat instruindo Tanure sobre como agir e o que falar em uma conversa com o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho. O objetivo era passar a imagem de um empresário sem ambições políticas nem projeto de poder, o que seria visto com maus olhos no concorrente dono do Jornal do Brasil.
Análise feita pelo perito Ricardo Molina comprova que a voz que aparece na fita é de Boechat e aponta que não há indícios de que a gravação tenha sido editada.
Fonte: Veja On Line
Encontrou um erro? Avise nossa equipe!