O preço do poder

Disputas pelo poder no mundo jurídico viram guerra em todo o país

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23 de novembro de 2000, 23h00

Pela segunda vez em seus 126 anos de existência, o pacato Instituto dos Advogados de São Paulo terá uma disputa pela sua presidência. Pela primeira vez em sua história uma chapa tenta impugnar integrante de outra. O caso deve ir parar na Justiça.

Também em São Paulo, depois de uma guerra de liminares, a OAB viveu sua mais acirrada campanha. O processo eleitoral acabou. Mas a disputa deve continuar na Justiça.

A expressão “eleição mais tumultuada da história” pode ser usada também em relação ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Três candidatos disputaram para valer a presidência da Corte que mais vezes se viu retratada no noticiário policial do país.

A Procuradoria de Justiça do Estado, com quatro candidatos, também ofereceu emoções fortes ao Ministério Público paulista.

Para onde quer que se olhe, o quadro é o mesmo. Nem mesmo a vaga deixada por Octávio Galotti no STF escapou da disputa, que foi iluminada por tantos refletores que o único eleitor teve de descartar aliados leais para ceder à pressão nacional para a indicação de uma mulher para o Supremo.

O advogado-geral da União hoje é ministro. Não um ministro qualquer. É um superministro. Mas não impunemente, é claro. Dotado dos poderes que lhe são conferidos pela monumental tarefa de defender o Erário e os interesses do governo diante das esplêndidas máquinas da advocacia brasileira, Gilmar Mendes tornou-se o principal alvo do governo. Nem o ministro da Fazenda ou o secretário da Receita Federal têm sido tão visados ultimamente.

Os torpedos contra Gilmar; o ineditismo da questão em torno da liberação do voto para inadimplentes, tese exportada de São Paulo para todo o país; e a primeira impugnação na história do Iasp surpreenderam os mais acostumados com a monotonia dos pleitos homologatórios.

Mas, se despe o mundo jurídico da sua imagem ritual e transforma o minueto em frevo, esses fatos refletem a vitalidade do mundo jurídico. Uma vitalidade fermentada pelas altas quantias movimentadas hoje pela indústria do direito, é claro.

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