Campeão de audiências

Paulo Salim Maluf e seus 70 processos

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31 de outubro de 1999, 23h00

No próximo dia 26, o ex-prefeito Paulo Salim Maluf deve voltar ao Fórum Central de São Paulo. Freqüentador assíduo do lugar, Maluf vai à audiência de um dos doze processos que move contra os veículos jornalísticos do grupo O Estado de S.Paulo (Jornal da Tarde, Rádio Eldorado e Estadão), na área cível.

Na ponta da defesa, Maluf é alvo de 54 processos no mesmo fórum, onde responde por acusações como administrador público e como político. Na área criminal, entre processos arquivados e em andamento, o ex-prefeito é o requerido em 16 ocorrências.

A audiência deste mês refere-se ao processo em que Maluf acusa o JT de ter-lhe causado danos morais com o editorial “Jogo de Xadrez”. Publicado em abril deste ano, o texto afirma que o ex-prefeito criou o esquema da máfia das propinas durante sua gestão (1993-1996).

Dos processos contra o grupo O Estado, pelo menos quatro referem-se a editoriais do JT da época em que estourou o escândalo envolvendo vereadores e fiscais paulistanos.

Entre os 20 processos em que o ex-prefeito se encontra na ponta da acusação no Fórum da Praça João Mendes, são acionados o presidente de honra do Partido dos Trabalhadores (PT) Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Georges Gazale e a jornalista Barbara Gancia.

Nesse relacionamento intenso com a justiça, o ex-prefeito tem obtido mais vitórias que derrotas. Mas também colheu alguns frutos amargos. Em janeiro deste ano, ele foi condenado, em 1ª instância, a ressarcir os cofres da prefeitura por conta de alegadas operações irregulares com títulos públicos. A sentença determinou a devolução de R$ 2,53 milhões, com juros de 6% ao ano.

No ano passado, Maluf teve que pagar R$ 13 mil de multa para se livrar de eventual processo criminal. O motivo foi um telefonema para o serviço de atendimento da Polícia Militar, comunicando falsa ocorrência, a pretexto de comprovar a lentidão policial em São Paulo.

Entre processos famosos, já arquivados, em que o político esteve envolvido, está o caso dos fusquinhas distribuídos à seleção brasileira que ganhou a copa de 1970 e os episódios em torno da Paulipetro, estatal que o ex-governador fundou para explorar pretensas reservas petrolíferas no Estado de São Paulo.

O ex-prefeito também figura como réu em processo movido pelo advogado Modesto Souza Barros Carvalhosa e pelos vereadores José Eduardo Martins Cardozo, Adriano Diogo e Aldaíza Sposati – todos do PT.

Maluf ainda responde por processo crime – juntamente com o então secretário dos esportes Ivo Carotini – por ter contratado, sem licitação, a rede Globo para organizar a Maratona de São Paulo. O fato ocorreu durante sua gestão como prefeito em 1995. Em seu depoimento, Carotini alegou que o contrato foi apenas uma parceria entre a TV Globo e a prefeitura.

O levantamento feito para esta reportagem envolve apenas os processos ajuizados na comarca da Capital de São Paulo.

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