Globalização jurídica

Globalização jurídica

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31 de março de 1999, 0h00

Ao mesmo tempo em que grandes bancas internacionais chegam ao Brasil, dentro do movimento da globalização econômica, alguns dos principais escritórios brasileiros estão lançando também suas pontes em direção ao exterior.

No exemplo mais recente, em março, anúncio simultâneo feito em São Paulo, Buenos Aires, Lisboa e Miami, divulgou o acordo de cooperação e reciprocidade do escritório brasileiro Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra Advogados, com três outras bancas internacionais.

Pelo acordo firmado com seus parceiros internacionais, os escritórios farão investimentos conjuntos na área da tecnologia e contarão, uns com os outros, nas áreas técnicas e geográficas em que estão presentes. Nenhum dos escritórios atuará em território alheio, embora esteja previsto o intercâmbio de profissionais para troca de experiências e tecnologias.

Essa é a mais recente mudança no perfil do escritório, que tem associado uma história de larga tradição com as mais modernas tendências da advocacia moderna. As mudanças têm surtido o efeito pretendido, como afirmam Mário Sérgio Duarte Garcia e Luiz Arthur Caselli Guimarães, cuja banca fundiu-se, há menos de dois anos, com a de Marcelo Terra. Com a união de suas equipes e especialidades, garantem os advogados, o novo escritório deu um salto na qualidade de atendimento. A equipe é composta por 40 profissionais.

Essas mudanças obedecem à lógica implacável e que deve ser seguida à risca para quem deseja manter sua clientela. Não basta mais uma história de bom relacionamento para justificar a permanência do cliente na banca: é preciso seguir na esteira do movimento de seus clientes – ou mesmo se antecipar a eles. O caso do Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra Advogados é paradigmático.

Ao constatar que sua clientela expandia a extensão territorial de seus interesses, o escritório, que contribuiu largamente com essa nova realidade, acompanhou-os e estruturou-se também para amparar clientes de outros países com interesses no Brasil.

O Duarte Garcia tem em seu currículo realizações expressivas, como as privatizações de grandes empresas como a Vasp, Embraer, Excelsa, Light, entre outras. Foram eles também que cuidaram da engenharia jurídica para a venda do Shopping Ibirapuera, considerado o maior conjunto comercial do hemisfério.

Agora, associado aos escritórios Bakmas, Varela & Asociados, de Buenos Aires; Holstein Campilho, Ribeiro Telles, Schiappa Cabral – Advogados de Lisboa; e José Maria Carneiro da Cunha, de Miami, Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra, no movimento da globalização, pretende dar um novo salto.

Essa investida não representa, no entanto, a primeira experiência de internacionalização do Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra Advogados. O escritório integra, como pioneiro no Brasil, a Terralex, associação mundial composta por cerca de 150 escritórios de advocacia espalhados pelos cinco continentes. Participa também da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias – FIABCI, que congrega profissionais do mundo inteiro, voltados para o intercâmbio de informações e para estudo e discussão de questões relativas à área imobiliária.

O movimento de auto-suficiência e internacionalização dos escritórios brasileiros contém um outro forte elemento mercadológico: é também uma resposta à forte competitividade nesse setor. Com a globalização, já desembarcaram no Brasil quase duas dezenas de escritórios estrangeiros.

A resposta brasileira a essa “invasão” está na lista dos associados do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa), que relacionava, no final do ano passado, seis representantes de escritórios brasileiros nos Estados Unidos, cinco em Portugal, três na França, dois na Inglaterra e um na Argentina, Canadá, Japão e Áustria.

Revista Consultor Jurídico, 31 de março de 1999.

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