Volta das organizadas

Mancha Verde recorre ao STF para voltar aos estádios

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18 de maio de 1999, 0h00

A torcida organizada Mancha Verde, extinta pela Justiça em 1996, está querendo voltar à cena. O Supremo Tribunal Federal decidiu que vai julgar um recurso extraordinário impetrado pela torcida palmeirense, para que ela possa voltar a freqüentar os estádios.

O recurso contesta decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que dissolveu a torcida. Segundo a sentença, a diretoria da Mancha Verde contribuiu para a violência praticada por torcedores associados, desviando-se de suas atividades estatutárias.

A torcida organizada alega que a pessoa jurídica Mancha Verde não pode ser confundida com seus integrantes, e que não foi demonstrado de que forma a associação colaborou para a execução de atos ilícitos.

O promotor de Justiça e Cidadania de São Paulo, Fernando Capez, vê uma relação direta entre os dirigentes da torcida e seus membros associados. Capez explica que os sócios da Mancha Verde são pessoas que representam a instituição, e por isso a torcida deve ser responsabilizada.

Para Capez, não responsabilizar a torcida seria como não culpar uma organização mafiosa pelos atos de seus integrantes. Pelo raciocínio da Mancha Verde “os mafiosos teriam de ser presos e a organização poderia continuar atuando”, afirma o promotor. Além disso, o promotor argumenta que existem provas de que os dirigentes participam da violência “incitando e, até mesmo, orientando seus sócios”.

As torcidas organizadas foram proibidas de entrar nos estádios depois que, em julho de 1995, travou-se um verdadeira batalha campal entre os torcedores do São Paulo e do Palmeiras no Estádio do Pacaembu. O incidente ocorreu depois da final da Supercopa São Paulo de Futebol Júnior e culminou com a morte do torcedor Márcio Gasparin.

Capez ainda é o autor da ação do Ministério Público que extinguiu a torcida organizada Independente, do São Paulo. A torcida corinthiana Gaviões da Fiel também está na mira do MP. Uma ação que pretende extinguir a torcida está tramitando no TJ.

No entanto, a extinção não privou a Mancha Verde de atuar, só que com novo nome: “Mancha Alvi-Verde”. A torcida tem um site na Internet (http://www.manchaverde.com.br), onde costuma vender produtos da torcida organizada, veicular entrevistas e publicar informativos quase que diários. Em alguns desses informativos os torcedores se vangloriam contando histórias de brigas.

No informativo publicado em 30 de abril há um diálogo entre um torcedor chamado Tarso Gouveia e o entrevistador e autor dos informes, que assina por “DamneD”, um termo em inglês. Sua tradução para o português significa amaldiçoado. Confira um trecho da conversa.

DamneD: Como foi quando a Mancha deu um show no Maracanã, num jogo da seleção, batendo em todo mundo? Você estava lá? Conta tudo!

Tarso Gouveia: Teve um jogo, acho que foi contra o Paraguay, que tomamos uma lenha, levaram até nossa faixa, eu não estava… Agora esse que você está falando acho que foi o do Rojas, não foi? Na arquibancada não tivemos grandes problemas, mas lá fora…

DamneD: Lá fora o que? Eu soube que a Mancha teve que se impor e bateu em muita gente prá se defender… Verdade?

Tarso Gouveia: Foi sim.

Em outro informativo, publicado em 13 de maio passado encontramos termos pejorativos, como “Gayvião Bueno”, numa referência ao locutor esportivo Galvão Bueno.

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