Grampo na Polícia Federal

Cúpula da PF é grampeada

Autor

26 de fevereiro de 1999, 0h00

A revista Carta Capital que está chegando às bancas revela o conteúdo de trinta e oito fitas gravadas com conversas entre os dirigentes da Polícia Federal.

Os diálogos sugerem que o diretor-geral da PF, Vicente Chelotti, teria nas mãos o presidente da República, por deter fitas gravadas, comprometedoras, com conversas de FHC. “O Brasil inteiro está grampeado”, concluiu Bob Fernandes, o jornalista responsável pela reportagem.

A revista transcreve trechos das gravações onde aparecem pessoas que, oficialmente, teriam sido afastadas da SPF – a bem do serviço público – mas que continuam em suas funções. Aparentemente, a maior parte das gravações foram obtidas com grampos em telefones celulares.

Chelotti, nas gravações, teria se referido de forma ofensiva a ministros de Estado, dizendo, inclusive que daria “uns tapas na cara” do então ministro da Justiça, Iris Rezende. Fala-se também na descoberta de que o senador Antonio Carlos Magalhães apareceria na lista de acionistas de uma empresa nas Ilhas Cayman. Haveria também menção a corrupção, operações ilícitas e subornos envolvendo agentes federais.

Os chefes da Polícia Federal, nos diálogos, insinuam que o Procurador Geral da República age sob o comando do Palácio do Planalto e que, em determinada ocasião, por desobedecer instruções, o chefe do Ministério Público, Geraldo Brindeiro, teria levado “puxões de orelhas”. A PGR, teoricamente, deve gozar de independência funcional e política em relação ao Executivo, uma vez que uma de suas incumbências é a de, se necessário, denunciar o Presidente da República em casos de crime de responsabilidade.

No caso das investigações do irmão da dupla Zezé de Camargo e Luciano, os agentes da PF sugerem envolver nas investigações a Polícia Civil, por cautela. Se a busca fracassar, afirma um dos interlocutores, a culpa poderia ser dividida entre as duas instituições.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!