A segurança no mundo virtual

Computadores

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26 de abril de 1999, 0h00

A segurança no mundo virtual

Nossos computadores ainda são desprotegidos

Sérgio Cavalcanti *

O ano 2.000 está batendo às nossas portas. As transformações por que passamos ultimamente são vertiginosas. A época é da informação imediata , sem fronteiras e se destaca quem sabe melhor usar a tecnologia . A Internet deixou de ser o futuro virando o presente. Recente levantamento feito pela Computer Industry Almanac revela que 147 milhões de pessoas estão conectadas à rede mundial de computadores. Um crescimento de 240 % em relação a janeiro de 96. Espera-se que no ano 2.000 os internautas sejam 320 milhões e cinco anos depois 720 milhões. O Brasil ainda não aparece na relação dos 15 principais centros . Está em 17 º, com 2,5 milhões de navegadores, responsáveis pelo envio de aproximadamente 1 milhão de e-mails por dia. Nos Estados Unidos são 68 milhões de pessoas navegando diariamente.

Atualmente usa-se a Internet para tudo : trabalho, compra, venda, pesquisa, correio, estudo, namoro, consulta, enfim , não há limite de serviço prestado pela rede para o seu usuário que, no conforto de sua casa ou escritório, pode navegar por onde e bem desejar, anonimamente ou não. Os benefícios para a população são inúmeros e cada vez maiores. A prefeitura de Ribeirão Preto ( SP ) passou a oferecer via Internet um novo serviço à comunidade : sem enfrentar fila e burocracia, o morador da cidade pode solicitar a emissão de uma série de documentos como, por exemplo, a certidão negativa do Imposto Predial e Territorial Urbano ( IPTU ) . A entrega da declaração do Imposto de Renda pela Internet facilitou em muito a vida do contribuinte.

Mas nada é perfeito, aliás como tudo no mundo. A começar pelo próprio ser humano. Junto com todo esse progresso, caminha a pirataria de software. Recentemente a ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software – divulgou o novo índice de pirataria de programas de computador no país : 61% ,o que significa uma queda de 7% em relação ao índice de 1997. Mas, francamente, não dá para comemorar pois significa que para cada dez cópias de softwares utilizadas , seis são ilegais. Índice altíssimo se comparado a outros países, como os Estados Unidos ,onde a pirataria atinge a 27%. As perdas das empresas de software são incalculáveis.

Há ainda os hackers, que usam e abusam de sua ilegalidade protegidos pela Justiça, ainda ineficiente nas questões jurídicas relacionadas ao mundo virtual. Esses piratas penetram ilegalmente nos sistemas dos computadores alheios, alterando configurações , roubando informações valiosas e são cada vez mais numerosos, inclusive no Brasil. Dados da American Eletronics Association dão conta que o prejuízo das empresas americanas com a ação dos hackers chega a U$ 1 bilhão. Nos Estados Unidos 30% das falências acontecem por desonestidade e quem quebra a segurança nas empresas são ( 70% dos casos ) gerentes ou empregados. Os hackers infectam ainda os computadores com vírus incríveis, como os recentes Melissa, Papa e Happy.

Depois da porta arrombada, as firmas começam a se proteger. Estudo atual do Warroom Research, com sede em Annapolis, Maryland, mostra que 102 companhias( 326% ) das 320 pesquisadas já instalaram softwares contra-ofensivos, uma das modalidade de proteção utilizadas pelas consultorias de segurança.

Senhas, códigos e dados privados evidentemente são ultra confidenciais mas, ainda assim, insuficientes para proteger os computadores. A dura realidade é que essa proteção, infelizmente, ainda não existe. Há no mercado vários softwares específicos de proteção nos quais você pode confiar apenas parcialmente. Embora sejam poderosos, possuindo milhares algoritimos de criptografia , eles ainda são vulneráveis à ação dos hackers.

* Sérgio Cavalcanti é jornalista e diretor da NewsPress

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