O que pensam os advogados

Advogados, estudantes e população opinam sobre advocacia

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11 de agosto de 1998, 0h00

Segundo o levantamento, a metade dos advogados de São Paulo acha que a Ordem dos Advogados do Brasil deveria ter como principal atuação junto à sociedade o atendimento gratuito à população carente. Entrevistados advogados, estudantes, usuários da OAB e cidadãos concluiu-se que tanto também os não-advogados (31%) acham que a Ordem deve dar prioridade ao atendimento gratuito aos carentes. Dentre os estudantes ouvidos, 34% escolheram a profissão por vocação, 23% buscando melhor remuneração e apenas 14% por idealismo.

Veja os resultados da pesquisa.

O que os advogados entrevistados responderam sobre os seguintes temas

A escolha da profissão

o 46% dos advogados optaram pela profissão por vocação

o 26% escolheram a advocacia por idealismo

o 17% pretendiam obter melhor remuneração

o 11% fizeram a escolha pensando em ter maior reconhecimento.

Atuação da entidade

o 10% dos advogados esperam que a OAB-SP atue no desenvolvimento de projetos de leis e aprimoramento de leis

o 4% acham que a maior atuação deve acontecer na agilização do andamento dos processos

o 3% querem que a Ordem atue junto a legisladores e juristas combatendo a burocracia e pressionando o Legislativo na aprovação de leis

o 2% apontam a luta pela reforma agrária como prioridade

Atuação da Ordem junto aos advogados

o 10% querem a criação de um plano de saúde para a classe

o 7% acham que a entidade deve abaixar o valor da anuidade

o 5% apontam a busca da união da classe como prioridade

o 4% responderam que a OAB deve criar a Previdência dos advogados

o 3% acham que a atuação deve acontecer no sentido de abrir espaço com acessos à sala, fax, computadores nos Fóruns e apoio financeiro aos advogados

o 2% querem que a entidade contribua com a classe na iniciação dos recém-formados, melhore as instalações para os advogados nas Juntas, divulgue os serviços oferecidos pela classe e promova encontros de confraternização

Aprimoramento profissional

o 18% acham que a OAB deve promover cursos de aperfeiçoamento

o 8% pedem maior fiscalização na formação acadêmica dos futuros profissionais

o 4% querem maior rigor no exame da Ordem, promoção de debates e palestras entre profissionais, e a criação de serviços de orientação e esclarecimentos diversos

Papel da OAB na sociedade

o 50% dos advogados acham que a entidade deve priorizar o atendimento gratuito à população carente

o 11% querem que a Ordem informe a população sobre seus deveres e direitos

o 6% acham que a atuação na defesa dos direitos humanos deve ser a prioridade da OAB

o 2% priorizam a promoção de campanhas de esclarecimento sobre direitos humanos, o combate a corrupção e impunidade

Avaliação da advocacia

Para os advogados entrevistados, os critérios de avaliação da profissão devem levar em conta, em primeiro lugar, a ética. A experiência e notoriedade ocupam a Segunda posição e, em terceiro, vem a atuação junto à sociedade. De acordo com os entrevistados a ética engloba honestidade, defesa dos clientes, atuação ética, cumprimento da lei, atuação contra a corrupção e amor à profissão.

O presidente do Tribunal de Ética da OAB-SP, José Urbano Prates, afirma que “A ética é uma preocupação dos advogados e da OAB, o que demonstra a afinidade da atual gestão com a classe. No Tribunal de Ética, nomeamos 200 assessores para agilizar o andamento dos processos e dar uma solução rápida e justa para os dois lados. Além disso, o presidente da Ordem pretende ampliar as turmas julgadoras do Tribunal de Ética e Disciplina, criando mais 16 na Capital e 13 junto às Subsecções do Interior, que reunam mais de mil advogados inscritos, regionalizando-as. Também estuda a criação de mais seis Câmaras recursais, totalizando 10 ao todo. Para viabilizar este projeto, o presidente pretende obter um consenso dos conselheiros antes da reunião de setembro e implantá-lo imediatamente.”

O que disseram os estudantes de Direito

A escolha da profissão

o 34% dos estudantes, optaram pela profissão por vocação

o 28% fizeram a escolha pensando em ter maior reconhecimento.

o 23% pretendem obter melhor remuneração

o 14% escolheram a advocacia por idealismo

As expectativas em relação a entidade

o 15% esperam maior rigor no Exame de Ordem

o 11% pedem a promoção de cursos de especialização e aperfeiçoamento

o 4% querem fiscalização da formação acadêmica, estágio obrigatório para recém formados e exames periódicos para advogados

o 2% acham que a promoção de debates e palestras com profissionais é importante

Vitorino Antunes Neto, presidente da Comissão de Estágio e Exame da Ordem, disse que “A despeito do receio demonstrado pelos estudantes de Direito na pesquisa, o Exame de Ordem tem sido rigoroso dentro de sua função, eminentemente habilitatória. Presta-se a aferir se o bacharel se encontra apto ao exercício da advocacia. As mudanças introduzidas nesta gestão vêm contribuindo para ampliar seu rigor. Uma destas medidas foi a contratação de entidade profissional acostumada a prestar este tipo de serviço, que está incumbindo-se de toda a estrutura e operacionalização do Exame, com objetivos precípuos de aprimorá-lo. As provas e as respectivas correções continuam sendo feitas exclusivamente pela OAB. Isto é mais do que uma atribuição. É um dever.”

O que a população espera da entidade

Atuação da Ordem junto à sociedade

o 31% dos entrevistados priorizam o atendimento gratuito à população carente

o 15% pedem preços mais acessíveis aos necessitados

o 11% acham que a OAB deve informar a população sobre seus deveres e direitos

o 10% querem o envolvimento da entidade em movimentos populares

o 3% acham que a prioridade deve ser a defesa da sociedade contra os poderosos

Avaliação da advocacia

o 36% acham que a experiência e notoriedade profissional são os principais critérios para avaliar um advogado

o 33% apontam a atuação junto à sociedade

o 32% dizem que a ética é o principal fator

De acordo com a advogada Norma Kyriakos, “A pesquisa mostra o quanto a sociedade em geral se sente carente de atendimento dos serviços públicos e da necessidade de exercer a própria cidadania, com ênfase nas carências de informação sobre seus direitos. Embora a maioria demonstre incompreensão sobre as funções da OAB – entidade reguladora e valorizadora da advocacia e não de assistência jurídica à população carente, função esta que cabe ao Estado – esta pesquisa demonstra que a entidade goza de confiança da sociedade, o que gera grande responsabilidade e necessidade de ampliar seus serviços de natureza pública.”

O que dizem os usuários da Ordem

Satisfação com os serviços prestados

o 48% dos entrevistados dizem estar muito satisfeitos com os serviços prestados

o 22% satisfeitos

o 19% muito insatisfeitos

o 11% insatisfeitos

Avaliação dos profissionais

o 39% dos usuários acham que a experiência e notoriedade são os principais fatores para avaliar um bom advogado

o 32% priorizam a ética

o 29% apontam o relacionamento com clientes e sociedade

De acordo com a presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, Eunice Aparecida de Jesus Prudente “A maioria está satisfeita e isto é muito positivo. O advogado, a exemplo dos médicos antigos, deveria informar melhor seus clientes, principalmente sobre os honorários e prazo da ação. Sem pressa, expor ao cliente o que está acontecendo, o que é melhor fazer e o porquê, mesmo que ele seja um leigo. O ideal seria que cada cidadão tivesse um advogado de família, que pudesse ajudar na constituição e administração de seu patrimônio. A OAB poderia até pensar em desenvolver uma ampla campanha conscientizando o advogado e o consumidor sobre estas questões.”

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